“Se um menino quiser vestir-se de princesa não deve ser repudiado por isso” - TVI

“Se um menino quiser vestir-se de princesa não deve ser repudiado por isso”

Torres Vedras: crianças já brincam ao Carnaval (Lusa)

É Carnaval e ninguém leva a mal! Psicóloga alerta que é preciso evitar estigmas e atitudes castradoras, numa altura do ano em que muitas crianças se sentem mais à vontade para experimentar diferentes papéis relacionados com os seus interesses

Está prestes a chegar o dia que uns adoram e outros detestam: o Carnaval. Apesar de ser uma época do ano em que impera a brincadeira, apreciada por crianças e adultos, também é frequente ouvirem-se frases como “detesto o Carnaval” ou “não gosto de me mascarar”. O Carnaval pode despertar sentimentos contraditórios e, quando se trata de crianças, a regra de ouro é ouvi-las e compreendê-las. Se uma criança não gosta de se mascarar, então deverá ser tratada com respeito.

O que é bom é respeitar as crianças que gostam e outras que detestam, até porque pode estar relacionado com certos medos de algumas fantasias como, por exemplo, os palhaços, as caras tapadas”, explica à TVI24 Melanie Tavares, coordenadora dos setores da Humanização e da Atividade Lúdica do Instituto de Apoio à Criança (IAC).

Para a psicóloga clínica, a escolha do disfarce é um momento sensível, em que os progenitores não devem impor aos filhos a fantasia que vão usar: “A máscara da criança não deve ser desejo dos pais”.

Os disfarces que erotizem as crianças, como o de enfermeira sexy, por exemplo, ou outros que perpetuam os papéis tradicionais de homem e mulher, devem ser evitados. Na hora de escolher a fantasia, o ideal é garantir que existam todas as alternativas possíveis para ambos os sexos, sem cair em estereótipos.

Atenção que há crianças que têm manifestações de género não conforme e isso também deve ser respeitado. Por exemplo, se um menino quiser vestir-se de princesa não deve ser repudiado por isso. Até porque se uma menina quiser vestir-se de ninja, normalmente isso é bem aceite por pais, amigos, professores. E o contrário nem sempre se verifica”, alerta Melanie Tavares.

A psicóloga realça que, muitas vezes, é no Carnaval que as crianças se sentem mais à vontade para experimentar diferentes papéis relacionados com os seus interesses. 

Não deve estigmatizar-se a criança, nem ter uma atitude castradora, de forma a não prejudicar o seu desenvolvimento emocional”, aconselha.

A coordenadora dos setores da Humanização e da Atividade Lúdica do IAC chama também a atenção para a importância de adequar o traje à idade da criança.

“Quando as crianças são muito pequeninas, não devemos mascará-las de forma a que estejam desconfortáveis, que desestabilizem a criança e as suas rotinas. É importante adequar a máscara à faixa etária. Tem que ser uma máscara que seja confortável e que não perturbe o seu bem-estar”, explica.

Em época de temperaturas baixas, um dos fatores a ter conta é que as crianças não devem usar fantasias de Carnaval “fresquinhas”, não podem ter frio. Sentirem-se confortáveis no fato carnavalesco pode evitar choros e birras inexplicáveis.

Imaginação e criatividade são as premissas do Carnaval. As crianças que apreciam o Entrudo também gostam de escolher as próprias fatiotas e as máscaras. Mas se é uma situação desagradável paras elas, então há que saber escutar e respeitar. Só assim se tornará fácil aproveitar, brincar, fantasiar e foliar no Carnaval!

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