O Túnel do Marão foi atravessado por cerca de 300.000 veículos no primeiro mês após a entrada em funcionamento, correspondendo a um tráfego médio diário de 10.803 viaturas, segundo dados da Infraestruturas de Portugal (IP).
A Autoestrada do Marão – Túnel do Marão, entre Vila Real e Amarante, abriu ao trânsito a 8 de maio, horas depois de ter sido inaugurado pelo primeiro-ministro, António Costa.
Foi num domingo e, logo nesse dia, o túnel com quase seis quilómetros foi atravessado por 17.826 viaturas.
De acordo com os dados fornecidos à agência Lusa pela IP, desde a sua entrada em serviço mais de 300.000 veículos já atravessaram o Túnel do Marão, correspondendo a um tráfego médio diário de 10.803 veículos.
Este volume de trânsito supera, de acordo com a empresa, "em 10% as estimativas definidas no cenário base, em se previa, para 2016, um tráfego médio de 9.882 veículos/dia" na nova autoestrada.
Segundo a IP, nos dias úteis da semana em que a maioria das deslocações é feita de, para e em trabalho, o tráfego médio situa-se nos 9.587 veículos diários. O volume de tráfego de pesados é da ordem dos 10%.
Mas tem sido enorme a curiosidade dos automobilistas em conhecer o túnel o que, talvez também contribua para o aumento do número de veículos que ali passam durante os fins de semana, que se situou sempre acima dos 12.000.
E nestas primeiras semanas, no IP4, aquela que foi durante quase três décadas a principal via de acesso de Trás-os-Montes ao litoral, registou uma quebra acentuada no volume de tráfego.
Houve claramente uma transferência do trânsito para a nova autoestrada, apesar das portagens cobradas de 1,95 euros (veículos classe 1), 3,40 euros (classe 2), 4,40 euros (classe 3) e 4,90 euros (classe 4).
Ainda é cedo para avaliações económicas
Empresários, autarcas e utentes fazem um balanço “muito positivo” do primeiro mês de funcionamento do Túnel do Marão, que dizem que já mudou hábitos, mas ressalvam que ainda é prematuro fazer uma avaliação das consequências económicas na região.
Carlos Sanfins, proprietário de uma empresa de distribuição de peixe sediada na Portela, Vila Real, disse à agência Lusa que foi um dos que passou a usar o túnel, mas ressalva que ainda é preciso fazer contas todos os dias.
Por isso mesmo, as viagens de ida ao Litoral, zona do Porto, para ir buscar o peixe às lotas são feitas, por norma, pelo IP4, mas o regresso, com os carros carregados é “sempre pelo túnel”.
Para nós, o túnel compensa no sentido do Porto para Vila Real, porque já não temos que subir o Marão com os carros carregados e, para além do desgaste dos carros e do combustível, perdíamos ali muito tempo. Agora é muito mais rápido chegarmos a Vila Real e conseguirmos cumprir os horários com que nos comprometemos com os nossos clientes”.
A isto acresce, frisou, o “conforto e a tranquilidade da viagem”.
Como a viagem para o Litoral é feita durante a madrugada, Carlos Sanfins refere que opta pelo IP4, porque sempre poupa na portagem, já que a frota de carros é toda de classe 2.
Mas avaliamos diariamente as condições do estado do tempo, porque, se estiver mau tempo, vamos para baixo também pelo túnel”, sublinhou.
O empresário considerou que esta obra “ajudou no seu negócio” e, por isso, “faz um “balanço muito positivo” deste primeiro mês de funcionamento.
O presidente da Associação Empresarial de Vila Real – Nervir, Luís Tão, disse à Lusa que “ainda é cedo para se poder fazer uma avaliação das consequências económicas deste empreendimento na região”.
Para já o que se nota é um sentimento de admiração e de satisfação por parte de quem usa esta nova estrada”, salientou.
O presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, faz um “balanço obviamente positivo” e considerou que as “expectativas se concretizaram” e que o “Interior do país se aproximou do litoral, bem como o litoral se aproximou do interior”.
Quer aqueles que nos visitam, quer os que são de cá e se dirigem para outros pontos do país usam preferencialmente o túnel como via rodoviária privilegiada para fazerem esses percursos”, salientou.
O autarca concorda também que ainda é cedo fazer “avaliações económicas”, disse que “há efeitos que se evidenciarão ao longo dos anos”, mas frisou que as “expectativas são boas”.
Vila Real é um bom exemplo. Há vários investimentos a serem concretizados e previstos para aqui e julgo que o túnel é um fator de desenvolvimento e é também um fator de segurança para os que nos visitam e para aqueles que partem daqui”, sublinhou.