Admite ter contratado homens para dar sova a ex-genro - TVI

Admite ter contratado homens para dar sova a ex-genro

(arquivo)

Cartomante de Santa Maria da Feira admite que «se quisesse matar, não precisava desses senhores para nada». «Eu tinha três armas em casa», confessa

Relacionados
Uma cartomante de Santa Maria da Feira acusada da tentativa de homicídio do ex-genro, admitiu esta terça-feira no tribunal ter contratado dois homens, não para o matar, mas antes para lhe darem uma sova.

Durante a primeira sessão do julgamento, a mulher, de 58 anos, contou que nunca teve intenção de matar ou mandar matar o antigo companheiro da filha.

«Se eu quisesse matar, não precisava desses senhores para nada. Eu tinha três armas em casa», afirmou a arguida, que, juntamente com a filha, de 39 anos, responde por um crime de homicídio qualificado na forma tentada.

Num depoimento emocionado, a cartomante admitiu ter contratado dois homens, num momento de «desespero muito grande», para darem «uma coça» ao ex-genro, alegando que a sua filha era vítima de violência doméstica.

«Só queria que lhe partissem as pernas ou os braços para que fosse tratado, porque ele é esquizofrénico e bipolar. Ele chegou a espancar e a violar a minha filha quase à minha frente. Era impossível viver o tormento que a gente vivia», desabafou.

Questionada pela juíza presidente, a mulher disse ter entregado inicialmente dois mil euros aos dois homens para fazerem o serviço, mas aqueles foram exigindo o pagamento de mais quantias monetárias.

Passado algum tempo, a arguida disse que se apercebeu que os dois indivíduos só queriam extorquir dinheiro e, nessa altura, telefonou-lhes e mandou parar com tudo.

«Tomei consciência de que nem a sova ia resultar», revelou a arguida, garantindo que a filha nunca soube do seu plano.

Perante o coletivo de juízes, a filha da cartomante confirmou que foi vítima de agressões frequentes por parte do ex-marido, que vai ser julgado no próximo mês de março pelo crime de violência doméstica.

A arguida admitiu ainda que soube do plano da mãe e que a avisou que aquelas pessoas a estavam a iludir para lhe tirar dinheiro, pedindo-lhe para acabar com tudo.

A sessão ficou ainda marcada pelas declarações do homem que foi vítima da tentativa de homicídio, que disse ter ficado surpreendido com o caso.

«Ainda hoje não consigo encontrar explicações para o que aconteceu», declarou a vítima, adiantando que sentiu uma «enorme vergonha» e que, atualmente, continua a ter receio de ser morto.

Confrontado com as acusações de violência doméstica, o ofendido assumiu que havia «bastantes discussões» por causa de dinheiro e devido à suspeita de que a ex-mulher mantinha relações extraconjugais, mas negou alguma vez ter agredido e antiga companheira.

Segundo a acusação deduzida pelo Ministério Público, os factos remontam a outubro de 2009, quando a cartomante contactou dois homens para matar o ex-genro, alegando que aquele maltratava a sua filha.

De acordo com a investigação, a arguida entregou mais de 15 mil euros e algumas peças de ourivesaria aos indivíduos, juntamente com uma fotografia para que o pudessem identificar.

Durante os contactos com os homens contratados para matar o ex-genro, a arguida terá chegado a manifestar a intenção de ser ela a disparar a pistola.

Ainda segundo o MP, a arguida informou a filha do seu plano, que se absteve de avisar o marido ou as autoridades.

O plano da cartomante acabou por ser descoberto pela Polícia Judiciária, porque os indivíduos contratados estavam sob escuta por causa de um outro processo.

Apesar do falhanço, a cartomante foi presa em novembro de 2009 e a filha e as duas netas foram encaminhadas para uma casa-abrigo.
Continue a ler esta notícia

Relacionados