André Carrilho vence Prémio Nacional de Ilustração com “A menina com os olhos ocupados” - TVI

André Carrilho vence Prémio Nacional de Ilustração com “A menina com os olhos ocupados”

  • Agência Lusa
  • MJC
  • 14 set 2021, 14:42
"A menina com os olhos ocupados", de André Carrilho

O júri decidiu, por unanimidade, dar o prémio a André Carrilho, que também assinou o texto da obra

O ilustrador André Carrilho venceu a 25.ª edição do Prémio Nacional de Ilustração, com o livro “A menina com os olhos ocupados”, anunciou hoje a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

De acordo com comunicado da DGLAB, o júri decidiu, por unanimidade, dar o prémio a André Carrilho, que também assinou o texto da obra, tendo ainda atribuído duas menções especiais, a Nicolau, por “1.º Direito”, com texto de Ricardo Henriques, e a Eduarda Lima, pelas ilustrações de “O Protesto”, que também escreveu.

A obra vencedora destaca-se pela excecional qualidade da manipulação da aguarela em todas as suas potencialidades, imprimindo-lhe movimento, expressividade e profundidade. O autor explora uma temática atual e premente, sem descurar o imaginário ligado à infância, potenciando simultaneamente o vínculo entre adultos e crianças”, pode ler-se nas justificações do júri, de acordo com o comunicado da DGLAB.

“Esta é a menina com os olhos ocupados. Não come sopa, nem carne, nem peixe, nem fruta, nem gelados de cone. Anda sempre na rua sozinha, com a sua cabeça colada ao telefone”, escreve André Carrilho no começo da história, escrita em rima.

Nas páginas seguintes, são enumeradas aventuras e experiências, com piratas e palhaços, na rua, no espaço e numa montanha-russa, ignoradas pela menina, concentrada no telemóvel.

A partir desta realidade comum, de crianças que passam muito tempo entretidas com pequenos ecrãs, André Carrilho criou um livro ilustrado para mostrar aos leitores que “é bom ter os olhos desocupados” para apreciar o que os rodeia.

À agência Lusa, aquando da publicação, em julho do ano passado, André Carrilho explicou que também foi instigado para este livro pelos filhos, com quem mantém o ritual de leitura antes de adormecerem.

Comecei a imaginar histórias que me pudessem facilitar falar com eles de alguns assuntos que acho importantes. Um deles é o uso de tecnologias, dos ‘gadgets’ e como devemos ter cuidado, conta, peso e medida a utilizar tudo. Eu gosto muito de livros que os ajudem a entender o mundo e problemas específicos que eles tenham”, contou.

André Carrilho não condena os pais que recorrem às tecnologias para amparar a atenção dos filhos: “Não estou a julgar ninguém, só estou a dar ferramentas para, quando for preciso criar algum controlo nas crianças em relação a essas coisas, poderem usar este livro como ponto de partida para uma conversa”.

“A menina com os olhos ocupados”, editado pela Bertrand Editora, demorou um ano a ser trabalhado, todo ele feito com aguarela e com alguns acrescentos finais em digital aproveitando aquela técnica de pintura.

Já sobre “1.º Direito”, o comunicado da organização do prémio hoje divulgado destaca “a forma como se estrutura a narrativa e se apela à intertextualidade, num feliz diálogo entre texto e ilustração, com múltiplas referências à literatura e ao cinema”.

Por seu lado, “O Protesto” “apresenta um trabalho gráfico coerente e sólido que não esquece a importância das guardas”.

A 25.ª edição do Prémio Nacional de Ilustração recebeu a concurso 76 obras publicadas em 2020. O júri foi constituído pelo ‘designer’ e programador José Teófilo Duarte, pela jornalista da agência Lusa Sílvia Borges da Silva e por Vera Oliveira, em representação da DGLAB.

Criado em 1996 pela DGLAB, o Prémio Nacional de Ilustração, no valor de 10 mil euros, pretende “promover o reconhecimento da ilustração original e de qualidade”.

O prémio inclui ainda uma comparticipação de 1.500 euros destinada a apoiar uma deslocação à Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, valor também entregue às menções especiais com o mesmo objetivo.

A 25.ª edição do Prémio Nacional de Ilustração recebeu a concurso 76 obras publicadas em 2020. O júri foi constituído pelo ‘designer’ e programador José Teófilo Duarte, pela jornalista da agência Lusa Sílvia Borges da Silva e por Vera Oliveira, em representação da DGLAB.

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