«A justiça fecha os olhos», acusa jornalista - TVI

«A justiça fecha os olhos», acusa jornalista

Advogado das vítimas

Felícia Cabrita participou no fórum de testemunhos «Integração social», com Catalina Pestena e o advogado das vítimas, Miguel Matias

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O advogado das vítimas do processo «Casa Pia» criticou este sábado, em Fátima, o «garantismo» que a lei portuguesa permite aos arguidos, escreve a Lusa.

Durante o fórum de testemunhos «Integração social», Miguel Matias referiu que o «garantismo da legislação em relação ao arguido não satisfaz a vítima nem a sociedade».

O advogado afirmou ter dúvidas sobre a capacidade do sistema jurídico «em lidar com a punição». Miguel Matias lamentou ter de ouvir antes da leitura da sentença do caso Casa Pia que «os arguidos iam ser todos absolvidos e que o processo não ia dar em nada».

Depois da leitura do acórdão, o que se ouve é «o processo vai prescrever e que os arguidos não vão cumprir um dia de pena», adiantou o advogado.

«Esta é a última ferida nas vítimas, que começam a pensar que mais valia terem estado caladas», salientou Miguel Matias.

Depois de todo o percurso do processo Casa Pia, a ex-provedora desta instituição Catalina Pestana ironizou: «Se acontecesse aos meus netos eu não participaria à justiça».

Numa intervenção sobre o tema «Crescer pessoa em internato», Catalina Pestana afirmou que «o internato deve ser a última solução e só numa situação de passagem». Por isso, defendeu que a «desvinculação deve começar a preparar-se no dia do internamento», o que não sucede em Portugal.

A ex-provedora da Casa Pia afirmou ser contra a adopção, enquanto a legislação permitir que as famílias que adoptam crianças possam devolvê-las, quando «começam a dar problemas».

Sobre as famílias de acolhimento, Catalina Pestana considerou que «devem ser famílias maduras, com os filhos criados, que possam ajudar a crescer um adolescente difícil» e defendeu ainda a criação do provedor das crianças.

A jornalista do semanário Sol contou um caso sobre o «rapto» de crianças pelos pais. «É uma obrigação de todos nós nunca sujar os sonhos das crianças. Mas os sonhos das nossas crianças são sujos», sublinhou.

Referindo uma reportagem que realizou há uns anos, Felícia Cabrita criticou a actuação da polícia, que «nada fez» para ajudar uma mãe que ficou sem os filhos. O marido levou os filhos quando se separaram.

Num outro caso, o de um pai que abusava de todas as filhas quando cresciam, a jornalista criticou a falta de actuação do tribunal, quando entregou o filho/neto ao alegado abusador.

«A Justiça fecha os olhos» e depois a sociedade «acorda assustada, porque uma criança morreu, desapareceu», acrescentou Felícia Cabrita.
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