Até que a covid nos separe: menos casamentos e divórcios em ano de pandemia - TVI

Até que a covid nos separe: menos casamentos e divórcios em ano de pandemia

Casamento

Segundo trimestre de 2020, marcado pelo primeiro confinamento em Portugal, foi aquele que registou o menor número de divórcios, enquanto o terceiro, pós-confinamento, foi o que contabilizou mais separações. Também nos matrimónios estes foram os piores seis meses do ano

Em ano pandémico registaram-se menos casamentos e menos divórcios em Portugal, de acordo com dados do Ministério da Justiça, disponibilizados à TVI.

Foram menos 16.834 casamentos (-42,7%) e menos 2.519 divórcios (-15,8%) que em 2019, o ano que serve de comparação.

E tanto no enlace como no desfecho, o segundo e o terceiro trimestre (meses de confinamento e pós-confinamento) marcaram, pela negativa, 2020.

O medo de um vírus desconhecido e os impedimentos à realização dos atos, devido à redução de serviços e ao confinamento, explicam parte dos números mais baixos, as opções por uniões de facto ou a manutenção de casamentos para aliviar dificuldades económicas podem explicar a outra.

Comecemos, então, pelo princípio.

Os casamentos vinham a subir desde 2016, mas em 2019 registaram nova queda, com menos 585 casamentos que no ano anterior, estávamos ainda longe de imaginar a pandemia que se seguiria.

Em 2020 essa quebra foi quase três vezes superior, com menos 16.834 casamentos, ou seja, menos 42,7%.

Nos últimos dez anos, a tendência dos divórcios tem sido maioritariamente decrescente (uma pequena subida em 2014), mas os números mostram que em ano de pandemia registou-se uma acentuada queda nos divórcios, exceto no terceiro trimestre do ano, quando os casais portugueses viviam já livres do convívio diário e obrigatório de meses.

Em 2020 foram contabilizados menos 2.519 divórcios, uma queda de 15,8%, quando em 2019 essa queda ficou pelos 2,14% e no ano anterior tinha sido de 1,35%.

 

CASAMENTOS

 

2010

44.051

2011

40.022

2012

37.617

2013

35.795

2014

35.776

2015

36.705

2016

36.370

2017

37.656

2018

40.046

2019

39.461

2020

22.627

   

DIVÓRCIOS

 

2010

20.773

2011

20.044

2012

18.985

2013

17.242

2014

17.276

2015

17.150

2016

17.036

2017

16.517

2018

16.295

2019

15.947

2020

13.428

 

Os meses que importam

Os meses de maio a outubro são, tradicionalmente, os mais escolhidos para casar, com agosto e setembro a liderarem em 2019, respetivamente com 5.301 e 5.128 celebrações.

2020 começou com menos 274 casamentos (5.212), mas no segundo trimestre, em pleno confinamento, realizaram-se menos 6.980 celebrações que em igual período do ano passado.

O primeiro mês do confinamento começou com menos 27,1% de casamentos que em março do 2019 (1.370), seguiu-se abril com menos 85% (323), maio com menos 75,2% (902) e junho com -61,5% (1.512).

Foi preciso esperar pelo desconfinamento para os números subirem, com 8.245 celebrações entre julho e setembro, ainda assim muito aquém das 15.277 do período homólogo de 2019 (-7.032).

Especificamente menos 53,7% (2.245) em julho, -48,1% (2.752) em agosto e -36,7% (3.248) em setembro.

O ano que muitos preferem esquecer terminou com memórias inesquecíveis para 6.433 casais, uma recuperação, mas, ainda assim, abaixo dos 8.991 casamentos realizados no último trimestre de 2019.

 

CASAMENTOS

2019

2020

janeiro

2.014

2.020

fevereiro

1.595

1.822

março*

1.877

1.370*

abril

2.147

323*

maio

3.629

902*

junho

3.931

1.512

julho

4.848

2.245

agosto

5.301

2.752

setembro

5.128

3.248

outubro

4.506

3.068

novembro

2.231

1.624

dezembro

2.254

1.741

*primeiro confinamento

 

Em 2020, os divórcios também começaram com uma tendência decrescente, que se manteve até ao confinamento, disparando em maio, junho e julho com a normalização dos serviços e registando nova subida em setembro e outubro, após as férias de verão.

Em julho, aliás, registou-se o mesmo número de divórcios tanto em 2019 como em 2010 – 1.502, naquele que foi um dos meses com mais divórcios, a par de janeiro e outubro, tanto num ano como no outro.

Em janeiro, fevereiro e março foram contabilizados 3.567 divórcios, menos 780 que no mesmo período de 2019, um número que subiu consideravelmente nos meses seguintes, com menos 1.386 separações até junho, relativamente ao anterior.

Mas após o confinamento, o número de divórcios disparou, chegando aos 3.862, mais 235 que em 2019, refletindo o desgaste das relações quando muitos casais passaram a viver juntos 24 horas por dia.

No último trimestre de 2020, porém, a tendência não se manteve, ainda que se tenham registado 3.571 divórcios, menos 588 que em 2019.

 

DIVÓRCIOS

2019

2020

Janeiro

1.651

1.524

fevereiro

1.328

1.299

março*

1.368

744*

abril*

1.132

181*

maio*

1.518

912*

junho

1.164

1.335

julho

1.502

1.502

agosto

908

1.007

setembro

1.217

1.353

outubro

1.626

1.389

novembro

1.409

1.232

dezembro

1.124

950

*primeiro confinamento


 

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