Casal de portuguesa e marroquino contraria declarações de D. José Policarpo - TVI

Casal de portuguesa e marroquino contraria declarações de D. José Policarpo

Rute e Abdelilah respeitam as religiões um do outro

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Rute não é muçulmana, mas no Ramadão faz jejum para «acompanhar» o marido, enquanto Abdelilah celebra o Natal e a Páscoa, apesar destas festividades não pertencerem à sua religião. É o retrato de um casal que lamenta as declarações do Cardeal Patriarca de Lisboa.

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Rute Isabel é portuguesa e nasceu numa família que, «mesmo não sendo católica, sempre celebrou todas as festas religiosas». Abdelilah Suisse é marroquino e um dos milhares de praticantes do islamismo a viver em Portugal.

Conheceram-se na Universidade do Porto, onde Abdelilah era professor e Rute se inscreveu para fazer um mestrado. Hoje são a prova de como duas religiões podem conviver sem dramas.

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Na casa dos Suisse, todos os dias Abdelilah faz as suas orações de manhã, quando acorda, e à noite, quando regressa do trabalho. Mas não é por ser muçulmano que também não participa nas festividades católicas: o Natal e a Páscoa são passadas com a família de Rute.

Desde o dia em que se conheceram que ela sabia que Abdelilah era muçulmano e garante que a religião «nunca interferiu na relação». «Nunca tive problemas nenhuns com a família dele. Nunca nada me foi imposto nem fui pressionada a fazer nada. Aceito perfeitamente os usos e costumes dele e ele aceita os meus», garante.

É por vontade própria que no Ramadão, às vezes, decide acompanhá-lo e também faz jejum, «mas não todos os dias».

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Questionada pela Lusa sobre as declarações do Patriarca, Rute disse ter ficado «chocada», além de garantir que não se revê «minimamente naquelas afirmações».

Rute já esteve na terra do marido, em Marrocos, e garante ter sido bem recebida por todos os familiares. Prova disso é o projecto que têm em vista: casados há dois anos pelo civil, Rute e Abdelilah têm planos de «um dia fazer um casamento marroquino».

Também confrontado com as declarações do Cardeal Patriarca, o muçulmano Abdalilah foi mais crítico: «A minha primeira reacção foi dar uma gargalhada irónica, mas lamento que um representante da Igreja Católica faça declarações cheias de adjectivos contra os muçulmanos. Está a mostrar uma grande intolerância quando devia transmitir uma mensagem de humanidade e paz».
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