“A medicina de catástrofe”: como os profissionais estão a tentar salvar vidas - TVI

“A medicina de catástrofe”: como os profissionais estão a tentar salvar vidas

Triagem feita à porta dos hospitais e métodos adaptados ao caos provocado pelos elevados internamentos. Para já, uma garantia: nenhum doente fica sem tratamento

A situação nos hospitais agrava-se de dia para dia. O bastonário da Ordem dos Médicos admitiu mesmo, na TVI24, que já está a fazer-se "medicina de catástrofe" e que já não é possível salvar todas as vidas.

“A situação é dramática, já estamos a fazer medicina de catástrofe em vários hospitais portugueses.”

O que se passa nos hospitais portugueses é que o sistema de triagem teve de ser alterado e é agora mais próximo de um cenário de guerra.

Ou seja, há doentes que nem entram nas urgências para serem avaliados. A triagem é feita logo na ambulância, aquela cujas filas temos visto à porta dos hospitais.

O próprio sistema de triagem mudou: em vez da habitual triagem de Manchester, baseada nos sintomas, é feita uma triagem de catástrofe, assente na avaliação de sinais vitais.

Nesta escala, os hospitais portugueses ainda não chegaram ao pior nível: ao que se avalia que a probabilidade sobrevivência é tão pouca que não se alocam meios para tratar. Daí, também, os planos oficiais referirem a "pré-catástrofe".

“Medicina de catástrofe é fazer aquilo que é possível quando já não conseguimos fazer aquilo que é o melhor possível. É tentarmos arranjar as melhores soluções para os nossos doentes. Se um doente não pode estar em Cuidados Intensivos, é ter uma alternativa para poder ser tratado, porque nenhum doente fica sem tratamento. É tentar transferir rapidamente os doentes quando não existem mais camas”, explicou Miguel Guimarães.

O certo é que os hospitais estão em rutura, com taxas de ocupação muito próximas dos 100% e sempre a aumentar camas, o que não significa que haja mais profissionais de saúde disponíveis para tratar mais doentes. E esse aumento significa que há camas de outros serviços a serem fechadas, prejudicando o tratamento não covid.

“Os profissionais estão neste momento numa luta completamente desigual. Estão a fazer aquilo que podem e o que não podem. Veem as ambulâncias a acumular-se à porta dos hospitais. Tentam ajudar os doentes todos, mas não conseguem. Não conseguem sequer salvar todas as vidas. Já têm de tomar decisões muito difíceis”.

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