Covid-19: celebrações em Fátima terão apenas as pessoas "diretamente implicadas" - TVI

Covid-19: celebrações em Fátima terão apenas as pessoas "diretamente implicadas"

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  • RL - notícia atualizada às 13:31
  • 6 mai 2020, 11:36

Celebrações nos dias 12 e 13 decorrerão no recinto de oração do santuário, mas sem a presença de peregrinos, uma vez que este estará encerrado

As celebrações da Peregrinação Internacional Aniversária de maio, nos dias 12 e 13, vão contar apenas com a presença das pessoas nelas diretamente envolvidas, disse esta quarta-feira o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Cabecinhas explicou que “só estarão presentes as pessoas necessárias e diretamente implicadas nas celebrações”.

Como é habitual nos outros anos, as celebrações decorrerão no recinto de oração do santuário, mas sem a presença de peregrinos, uma vez que este estará encerrado.

A entrada de peregrinos nos espaços do santuário, entre a tarde do dia 12 e a hora do almoço do dia 13, não será possível. Os espaços estarão todos inacessíveis, incluindo o recinto de oração, que será encerrado”, frisou.

Carlos Cabecinhas explicou que “o objetivo é evitar qualquer tipo de aglomeração de pessoas ou ajuntamentos”.

A mensagem que é importante e que as pessoas devem ter presente é que não poderão entrar no recinto de oração, não poderão participar em qualquer celebração e, por isso, não devem vir”, pediu.

Questionado sobre as medidas de segurança adotadas para a eventualidade de, apesar deste apelo, os peregrinos decidirem deslocar-se ao santuário, Carlos Cabecinhas referiu que aquelas competem às autoridades.

Sempre foi assim. Nós respeitamos a sua atuação e articulamos o que tem de ser articulado, que é a parte de vigilância dos nossos espaços”, acrescentou.

O reitor reiterou o sentimento de “profunda dor” por, pela primeira vez na sua história, o Santuário de Fátima não acolher peregrinos, que são “a razão de ser” do seu quotidiano.

“Ainda assim, sabemos que tomámos a decisão correta, porque foi a decisão mais responsável”, considerou, acrescentando que esta se baseou “na saúde e na segurança dos peregrinos, na sequência desta pandemia e das decisões das autoridades”.

Apesar de a presença dos peregrinos não ser possível fisicamente, Carlos Cabecinhas disse que o santuário não prescinde “da sua oração, da sua presença espiritual”.

O santuário estará vazio, mas não estará deserto. Os peregrinos serão os mais presentes na celebração, não temos dúvidas”, realçou.

 

Proteção Civil de Santarém pede proibição de deslocações

O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Santarém defendeu hoje que o Governo deve voltar a proibir as deslocações para fora dos concelhos de residência de forma a evitar a presença de peregrinos em Fátima.

Apesar dos apelos do Santuário de Fátima para que os peregrinos não se desloquem ao recinto de oração a 12 e 13 de maio e de vigorar o dever cívico de recolhimento domiciliário, devido à pandemia de Covid-19, Miguel Borges está preocupado e pede medidas de exceção.

“O que eu defendo não é um cerco sanitário. Pretendo é que as pessoas não se desloquem a Fátima”, explicou o responsável, à agência Lusa.

Na sua opinião, “seria de bom senso fazer o mesmo que foi feito no fim de semana da Páscoa e do 01 de Maio, ou seja, a limitação de circulação para fora do concelho”, com as devidas exceções.

Esta preocupação é já do conhecimento do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, que coordena a execução do Estado de Emergência na região de Lisboa e Vale do Tejo e que participa nas reuniões da Comissão Distrital da Proteção Civil.

“À partida, o dever cívico de recolhimento domiciliário deveria ser suficiente, mas sabemos que as coisas não são assim e que, apesar de o senhor bispo já ter dito que as cerimónias teriam um caráter privado, há sempre tendência de as pessoas terem proximidade física” ao recinto do santuário, mesmo não podendo entrar, afirmou Miguel Borges.

O também presidente da Câmara do Sardoal lembrou que, “se a fé move montanhas, melhor moverá peregrinos sedentos desta proximidade física”.

“E sabemos que assim está a acontecer, porque temos conhecimento de que há pessoas que se puseram a caminho e de tentativas de reservas de hotéis em Fátima”, contou.

Apesar de se tratar de “pequenos grupos” de peregrinos, o autarca faz as contas: “Com três pessoas do Sardoal, dez do Porto, vinte de Lisboa, cinco de Coimbra, três de Castelo Branco e quatro da Guarda, quando dermos conta teremos lá milhares de pessoas de diversos pontos do país, sem as estruturas de apoio que normalmente existem”.

Neste âmbito, entende que a limitação de circulação para fora do concelho devia voltar a acontecer em todo o país, tal como nos fins de semana da Páscoa e do 1º de Maio.

“Imaginemos alguém que venha de Bragança e se ponha a caminho de Fátima. Será muito melhor para todos se essa pessoa puder ser travada dentro do seu concelho do que chegar a Fátima e ser mandada para trás, depois de atravessar metade do país”, considerou.

Miguel Borges frisou que “devia haver um maior enfoque nesta situação dos peregrinos, porque não é de todo desejável uma concentração de pessoas” em Fátima.

“O que queremos é, por dois ou três dias, não deitar a perder todo o investimento que fizemos durante estes meses”, acrescentou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios. 

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.089 pessoas das 26.182 confirmadas como infetadas e há 2.076 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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