Época de gripe com centros de saúde vazios e urgências cheias - TVI

Época de gripe com centros de saúde vazios e urgências cheias

Situação foi esta quinta-feira lamentada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado. O boletim da semana passada apontava para uma taxa de incidência de síndroma gripal de 63,8 por 100 mil habitantes

Centros de saúde vazios, em contraste com urgências hospitalares entupidas, têm sido registados nesta epidemia de gripe, penalizando os utentes com elevados tempos de espera e os profissionais de saúde com muitos doentes para atender.

A situação foi esta quinta-feira lamentada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, à margem de uma visita a alguns serviços do Hospital Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), conhecido como “o calcanhar de Aquiles” das urgências durante a época gripal.

Segundo o governante, e ao contrário do que aconteceu no passado, este ano “não se registaram situações de caos nas urgências devido à gripe”, ainda que muitos utentes tenham tido de esperar várias horas para ser atendidos.

No Amadora-Sintra, por exemplo, os doentes com pulseira amarela (urgentes) chegaram a aguardar 11 horas para serem atendidos nos dias 27 de dezembro e 04 de janeiro.

Nesses dias, os doentes com pulseira verde (pouco urgentes) aguardaram perto de 19 horas por um atendimento.

Num dia, este serviço atendeu 1.189 doentes: entre as 12:00 do dia 03 de janeiro e as 12:00 do dia seguinte.

Com equipas fixas de 12 médicos nas urgências, este hospital tem encaminhado doentes transportados pelo INEM para outras unidades de saúde (hospitais de São José e Santa Maria, em Lisboa), medida prevista para esta época gripal e que está em vigor até quarta-feira.

O hospital tem 700 camas de internamento, que se encontram ocupadas, e 55 no Serviço de Observação (SO), também lotadas.

Manuel Delgado congratulou-se com a ausência do caos nas urgências, mas reconheceu os longos tempos de espera que os utentes tiveram de suportar, pedindo desculpas por isso.

Para o governante, o sistema não tem falhado e mesmo o encaminhamento de doentes (entre hospitais) tem-se revelado uma medida positiva para as unidades de saúde mais procuradas.

No entanto, o secretário de Estado da Saúde lamentou que os centros de saúde – que nesta época têm o horário alargado – não estejam a ser procurados pelos utentes.

Trata-se de uma situação que provoca algum “desespero”, afirmou, acrescentando: “Temos centros de saúde com as condições adequadas, com médicos e outros profissionais de saúde, mas que estão vazios”.

Para Manuel Delgado, trata-se de uma “questão cultural” que urge alterar, talvez com mais informação.

A urgência hospitalar tem sido uma porta de entrada para todo o tipo de exames necessários. Por esta razão, estamos a aumentar as valências dos centros de saúde de forma a estes se tornarem mais atrativos”, adiantou.

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) vai divulgar hoje o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, com os dados mais recentes da doença.

O boletim da semana passada apontava para uma taxa de incidência de síndroma gripal de 63,8 por 100 mil habitantes, tratando-se, segundo este organismo, de “uma atividade gripal de intensidade moderada, com tendência estável”.

Ao nível da mortalidade, esta apresentava valores acima do esperado.

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