Lisboa: utentes sem médico de família duplicaram - TVI

Lisboa: utentes sem médico de família duplicaram

Centro de Saúde dos Olivais (Foto Lusa/Manuel de Almeida)

Entre 2004 e 2007, o número passou de 46 mil para 101 mil

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O número de utentes sem médico de família em Lisboa duplicou entre 2004 e 2007 e ultrapassou as 100.000 pessoas, segundo a Carta de Equipamentos de Saúde, que será analisada quarta-feira na reunião de câmara, refere a Lusa.

De acordo com o documento, desde o arranque das políticas de reestruturação dos centros de saúde até 2007 o número de pessoas sem médico de família em Lisboa passou de 46.481 para 101.208.

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lapa é aquele que concentra as maiores disparidades, já que abrange os centros de saúde com mais carências a este nível - Ajuda (26,2 por cento dos utentes sem médicos de família), Coração de Jesus (23,5 por cento) e Sto. Condestável (20,7 por cento) - e os mais bem servidos (Alameda e Luz Soriano).

A Carta indica ainda que nos últimos quatro anos houve um aumento de 6,2 por cento do total de inscritos em centros de Saúde e uma redução de 8,2 por cento nos médicos de família.

Apesar do decréscimo acentuado de população em Lisboa nos últimos 30 anos, o número de inscritos nos centros de saúde tem vindo a aumentar, o que pode ser explicado pela permissão (com a actual reforma) de cada utente de inscrever no centro da sua área de trabalho.

Já em sentido contrário tem evoluído o número de médicos de clínica geral nos centros de saúde em Lisboa, que baixou mais de oito por cento entre 2004 e 2007, passando de 426 para 391.

Outro dos dados salientados na Carta dos Equipamentos de Saúde é o aumento do rácio do número de utentes inscritos por cada médico de clínica geral entre 2004 e 2007, que na cidade de Lisboa passou de 1.582 para 1.837 (subiu 14 por cento), com maior incidência nos ACES da Lapa (mais 17 por cento) e de Sete Rios (mais 16 por cento).

Este aumento de utentes por médico de família ocorreu e todos os centros de saúde de Lisboa, apesar de ter baixado a partir de 2005 em quatro centros: Lumiar, Marvila, Penha de França e S. João.

A Carta alerta ainda para a necessidade de planear a rede de equipamentos de cuidados primários de saúde da cidade de Lisboa «atendendo às novas dinâmicas populacionais e às previsões de evolução».

O concelho de Lisboa precisa de sete novas unidades de saúde e de substituir 18 das existentes, segundo as carências apontadas na Carta de Equipamentos de Saúde, mais acentuadas nas áreas de Sete Rios e Lapa.

De acordo com a Carta de Equipamentos de Saúde 2009, que a vereadora Ana Sara Brito leva à reunião de Câmara de quarta-feira, são propostas novas unidades nas áreas de influência dos centros de saúde de Benfica, Lumiar, Sete Rios, Olivais, Marvila, Ajuda e Alameda.

Cerca de oitenta mil pessoas ganharam médico de família em Lisboa através das Unidades de Saúde Familiar, mas, segundo o coordenador da Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários, este número «não compensa» o aumento de utentes inscritos.

Com a criação das Unidades de Saúde Familiar (USF), cerca de 80 mil pessoas em Lisboa passaram a ter médico de família, «mas isso não compensa, provavelmente, a quantidade de pessoas que continuam a mudar-se para Lisboa», sustentou o responsável.
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