Ranking Escolas 2018: alunos carenciados chumbam quase duas vezes mais - TVI

Ranking Escolas 2018: alunos carenciados chumbam quase duas vezes mais

Escola

Nascer numa família com poucas posses ainda tem um forte impacto no sucesso durante o percurso escolar, sobretudo entre os alunos mais novos

São vários os fatores que influenciam o desempenho de uma pessoa ao longo do seu percurso escolar. Em Portugal, nascer numa família carenciada tem ainda um forte impacto no sucesso dos alunos mais novos. Muito alarmante é que, no 3.º ciclo, os chumbos dispararam no último ano letivo 2017/2018: de 47% para 80%, quando se comparam estudantes com apoio social com aqueles que não têm dificuldades. Ou seja, os alunos carenciados chumbam quase duas vezes mais.

Estas conclusões retiram-se dos Percursos Diretos de Sucesso que são, na prática, um parâmetro criado pelo Ministério da Educação que contabiliza os estudantes que conseguem fazer os três anos (neste caso do 7.º ao 9.º) sem chumbar vez alguma e com positiva nos exames nacionais de Português e Matemática, aqueles que são alvo de prova final no 9º ano, ao concluir o ciclo. 

A maioria dos alunos do 3.º ciclo e do secundário chumbou pelo menos um ano letivo ou num exame nacional, segundo dados do Ministério da Educação analisados pela TVI e pela Lusa, que revelam que o insucesso aumentou no ano passado.

Ora, no ano passado, apenas 44% dos alunos conseguiram terminar o 3.º ciclo com sucesso, considerando o percurso de 269.809 estudantes de 1.141 escolas portuguesas.

Estes dados acabam, portanto, por confirmar aquilo que vários estudos já indicam: que o sucesso académico está fortemente associado ao meio socioeconómico em que os alunos vivem.

Entre os mais carenciados (escalão A de Apoio Social Escolar), 80% não conseguiram terminar o 9.º ano ou ter positiva nos dois exames. No escalão B, a taxa de insucesso baixa para 67%.

A grande diferença é mesmo ao comparar com os estudantes que não precisam de apoios: mais de metade (53%) conseguiu concluir o 3.º ciclo com êxito.

Secundário: influência existe, mas com menor peso

No secundário, completando a escolaridade obrigatória, a situação socioeconómica também tem influência, mas não com tanto impacto para o sucesso dos alunos como acontece no ensino básico. É que as diferenças entre alunos estão mais esbatidas.

Entre estudantes do escalão A do ASE, 77% têm pelo menos um episódio de insucesso ao longo do secundário.

Entre quem não recebe qualquer apoio, a percentagem desce para 62%, uma diferença de 15 pontos percentuais. No ensino básico, a diferença dispara para 32 pontos percentuais.

Sucesso diminui ao longo dos ciclos

A percentagem dos alunos do secundário que fizeram os três anos sem chumbar e tiveram positiva nos exames desceu, tanto no 3º ciclo, como no secundário, tendo em conta a análise à recuperação dos alunos que entraram nos 7.º e 10.º anos no ano letivo de 2015/2016. Ainda assim, quando se olha para o progresso, a escola pública fica melhor na fotografia.

No secundário, a percentagem desceu de 42% para 39%. No 3º ciclo, também diminuíram os casos de alunos com percursos de sucesso: menos de metade, 44%, terminaram o 9.º ano, no ano passado, sem nunca chumbar e com positiva nos exames nacionais de Português e Matemática.

A média de alunos com sucesso, a conseguirem completar os três anos no tempo esperado e ter positiva nos exames, foi de 44%. Um recuo de dois pontos percentuais, comparando com os alunos que deveriam ter terminado o 9.º no ano anterior.

Há pelo menos uma explicação para o recuo nos percursos diretos de sucesso: houve mais negativas e chumbos no exame nacional de Matemática; a média dos exames desceu para 2,61 (em 2017 foi de 2,87). Mais de metade dos alunos (52%) chumbou a Matemática e oito em cada dez escolas acabou com média negativa à disciplina (cerca de 80%, portanto).

Apesar de as taxas retenção e desistência terem diminuído ligeiramente, o maior número de chumbos nos exames nacionais acabou por ter mais peso neste indicador e o sucesso diminuiu um ponto percentual.

Os distritos com melhores resultados nos Percursos Diretos de Sucesso foram Braga, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Viseu. Tanto no 3º ciclo, como no secundário.

Também os seis distritos com piores médias são os mesmos este ano: Bragança, Setúbal, Portalegre, Beja, Faro e Beja.

As raparigas voltam a ter mais sucesso e chumbam menos: no 3.º ciclo a sua percentagem de sucesso foi de 49% e a dos rapazes 41%; no secundário, foi de 41% contra 32%, respetivamente.

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