Cliente processa auto-intitulado «cirurgião plástico» - TVI

Cliente processa auto-intitulado «cirurgião plástico»

Sociedade

Indemnização pode chegar aos 25 mil euros

Relacionados
O Tribunal Cível de Lisboa está a julgar um médico que se auto-intitula «cirurgião plástico», acusado por uma antiga cliente de más práticas clínicas depois de um lifting facial que a terá deixado com sequelas, noticia a Lusa.

O arguido, José Mendia, pode vir a ser condenado a pagar uma indemnização de 25 mil euros.

A queixosa, de 63 anos, disse à Lusa que, na intervenção a que foi sujeita em Janeiro de 2005, o médico «retirou gorduras a mais do pescoço», criando «uma fibrose [formação anormal de tecidos] na zona do maxilar e no pescoço».

Contactado através do seu advogado, o alegado «cirurgião plástico» - não reconhecido como tal pela Ordem dos Médicos - recusou prestar declarações à Lusa enquanto decorrer o julgamento.

Ainda assim, na defesa escrita deste processo judicial, o médico José Mendia alegou que a sua cliente apresentava um «acentuado envelhecimento do pescoço e da face», por isso «não lhe garantiu a obtenção de quaisquer resultados», tendo actuado no sentido de «alcançar os melhores resultados possíveis».

No final, «a operação correu bem, tendo sido possível alcançar resultados muito positivos», sustentou, rejeitando que tenha existido qualquer fibrose.

Entre os defeitos, a queixosa salientou ter ficado também com «a orelha direita diferente da esquerda» e «um papo na parte inferior do olho esquerdo» que José Mendia tentou corrigir numa segunda cirurgia.

«Não é verdade que a orelha direita tenha ficado diferente da esquerda», escreve o médico, que justificou que o «papo» «desaparece com o decurso do tempo».

Após as duas intervenções, a que se juntou uma terceira, a queixosa disse ter ficado com a pele «tão fragilizada que fez uma necrose» (morte do tecido por infecção) e «abriu uma ferida de três centímetros» no pescoço, que esteve infectada durante quinze dias.

Em resultado da inflamação, acabou por lhe ser diagnosticada uma anemia grave, que José Mendia alegou não estar relacionada com as operações.

Queixa a Ordem dos Médicos

A queixosa apresentou queixa na Ordem dos Médicos, que abriu um processo disciplinar.

Fonte da Ordem dos Médicos revelou à agência Lusa que o médico possui vários processos disciplinares em curso, estando em averiguação práticas médicas por ele utilizadas e publicidade em revistas em que apareceu identificado como «cirurgião plástico e reconstrutivo».

O Colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética da Ordem dos Médicos não reconhece José Mendia como «cirurgião plástico e reconstrutivo», embora esteja inscrito na Ordem dos Médicos como clínico.

O julgamento desde caso prossegue sexta-feira no Tribunal Cível de Lisboa, com as alegações finais.
Continue a ler esta notícia

Relacionados