Cirurgiões do hospital da Guarda chegam a acordo em tribunal - TVI

Cirurgiões do hospital da Guarda chegam a acordo em tribunal

Tribunal

Um cirurgião acusava nove colegas de difamação. Juiz conseguiu que as partes em conflito se entendessem na primeira sessão do julgamento

Um cirurgião do hospital da Guarda desistiu hoje de uma queixa em tribunal contra nove colegas daquela unidade de saúde, depois de os ter acusado de difamação devido a um abaixo-assinado elaborado em dezembro de 2013.

O tribunal da Guarda iniciou hoje o julgamento, mas na primeira audiência o juiz conciliou as partes em conflito que, cerca de uma hora depois do início da sessão, chegaram a um acordo que ficou escrito em ata.

O assistente no processo, o cirurgião Paulo Correia, desistiu da queixa, bem como do pedido de indemnização cível de 2.000 euros a cada um dos arguidos.

Os seis arguidos presentes na sala de audiências e os três ausentes, que não se opuseram, "assumem que deverão ter existido algumas expressões excessivas no abaixo-assinado que subscreveram no passado dia 10 de dezembro de 2013 e que o assistente considera que são ofensivas da sua honra", referiu o juiz durante a sessão.


O abaixo-assinado que visava Paulo Correia foi enviado para o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, que gere o hospital, e para outras entidades, com afirmações que o queixoso considerou ofensivas.

Logo no início da audiência, o juiz apelou à conciliação entre as partes envolvidas no processo, ao afirmar:

"É uma causa que, se calhar, não pertencerá muito ao tribunal, mas pertenceria mais ao hospital, ao serviço público, aos doentes, e estas coisas deviam ser resolvidas no hospital".


Como o processo tinha a ver com a honra do assistente e dos arguidos, o juiz questionou: "E se cada um ficasse com a sua honra? Em que é que isto beneficia alguém? Não valeria mais a pena todos porem a mão na consciência e procurarem fazer o melhor serviço?".

"Estamos a ver quem é que tem mais honra e com tudo isto a cirurgia está parada, as cirurgias [estão hoje] adiadas e prejudicou-se o serviço e os doentes", referiu.


O magistrado reconheceu ainda que com o processo a ser julgado, com as sessões que seriam realizadas, seriam prejudicados o serviço de cirurgia do hospital da Guarda e os doentes "durante horas e dias".

Por o processo envolver dez dos onze cirurgiões do hospital, que teriam que marcar presença no tribunal, nos dias das audiências, a Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda (BE) da Guarda emitiu hoje um comunicado através do qual se mostrava preocupada pelos "fortíssimos constrangimentos" ao funcionamento do serviço de cirurgia.

A situação "pouco comum" levou ainda o BE/Guarda a solicitar à deputada Helena Pinto que questionasse o Ministério da Saúde sobre o assunto, através da Assembleia da República.

O partido pretendia saber se enquanto decorresse o julgamento estava "garantido o normal funcionamento do serviço de cirurgia" do hospital, "nos moldes consentâneos com o nível de urgência médico-cirúrgica".
 
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