Vereadora da câmara de Viana do Castelo denuncia à PSP abandono de idoso em paragem de autocarro - TVI

Vereadora da câmara de Viana do Castelo denuncia à PSP abandono de idoso em paragem de autocarro

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  • 23 jun 2020, 19:02
Estado de emergência em Portugal

Idoso em cadeia de rodas foi deixado numa paragem de autocarros por uma Unidade de Cuidados Continuados, depois de ter assinado termo de responsabilidade para deixar a estrutura

A vereadora da CDU na Câmara de Viana do Castelo, Cláudia Marinho, denunciou hoje à PSP o alegado "abandono" de um idoso em cadeiras de rodas numa paragem de autocarros por uma Unidade de Cuidados Continuados (UCC) local.

A situação do idoso, numa cadeira de rodas, amputado, junto à paragem de autocarros da Areosa, cerca das 11:00, chamou-me à atenção por saber que, devido à pandemia de covid-19, há redução dos transportes públicos e que muitos autocarros não dispõem acessibilidade para a pessoas com mobilidade reduzida", afirmou hoje à Lusa Cláudia Marinho.

Cláudia Marinho, assistente social no Gabinete de Atendimento à Família (GAF) de Viana do Castelo, contou à Lusa que ao abordar o idoso, ficou a saber que aguardava transporte para o distrito do Porto, para a cidade de Gondomar, de onde é natural.

Em conversa com o ele fiquei a saber que estava internado na UCC Bella Vida, em Areosa. Disse que tinha assinado um termo de responsabilidade para deixar a estrutura e que tinha sido transportado até à paragem de autocarros por um enfermeiro. Liguei para a unidade, ninguém atendeu e chamei a PSP", especificou.

Contactado pela Lusa, o comandante da PSP de Viana do Castelo, Rui Conde, disse que a polícia se deslocou ao local "após a denúncia da vereadora da CDU e que o homem de 69 anos reside em Fânzeres, Gondomar, onde tem casa e não tem apoio familiar".

Tendo contactado a UCC, "a PSP foi informada de que o homem assinou um termo de responsabilidade para sair da estrutura". A PSP contactou a Segurança Social para ser encontrada uma resposta para o idoso.

Segundo Rui Conde o o homem esteve na esquadra da polícia desde as 12:30, tendo-lhe disso fornecida alimentação, e "cerca das 18:00 a Segurança Social deslocou-se à esquadra da PSP para transportar o idoso para a sua residência em Gondomar".

A Segurança Social irá verificar as condições da residência do idoso para perceber se poderá ficar a viver em casa, com o apoio da Segurança Social local. Caso esses requisitos não se verificam, a Segurança Social irá tentar colocar o senhor numa reposta mais próxima de casa, como era seu desejo", explicou Rui Conde.

Cláudia Marinho destacou que o idoso, "recentemente amputado, insulinodependente, foi deixado na paragem de autocarros, segundo os relatos moradores nas imediações, cerca das 09:00".

Quando o abordei seriam 11:00 e estava sem se alimentar. Houve quem lhe trouxesse bolachas e água", especificou, adiantando que, "para um utente poder sair de uma UCC, tem de ter três altas: uma clínica, outra de enfermagem e outra social", o que disse não ter acontecido.

"O senhor mostrou-me os papéis que tinha com ele e não constava nenhum desses documentos. Tinha apenas documentos do hospital de Santo António, no Porto, onde foi amputado, e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), em Viana do Castelo", referiu.

Segundo informação que consta na página oficial da Bella Vida na Internet, hoje consultada pela Lusa, "a Unidade de Cuidados Continuados Bella Vida, tem acordo de convalescença (24 camas) com Administração Regional de Saúde".

"Trabalho na área social e sei, de antemão, que não são estes os procedimentos a seguir. Mesmo que o senhor quisesse, por sua livre vontade, ter alta é preciso contactar a família e só depois de se ter a certeza do local para onde irá, em segurança, é que se pode dar uma alta social. Não é desta forma. Não é deixar ao abandono, porque o senhor foi deixado ao abandono numa paragem de autocarros. Como cidadã e como profissional não posso ficar indiferente. Estamos a falar de um idoso, num contexto de pandemia, que é deixado completamente desprotegido", disse Cláudia Marinho.

A Lusa pediu esclarecimentos, por escrito, à Segurança Social e à direção da Bella Vida, mas não chegaram em tempo útil.

Na página oficial da Bella Vida pode ainda ler-se que a Unidade de convalescença, integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, "tem como objetivo a recuperação, reabilitação e reintegração de pessoas que se encontram em situação de dependência e a necessitar de cuidados especializados, independentemente da idade".

"A permanência nesta unidade pode ir até 30 dias de internamento e a referenciação é sempre feita a partir dos hospitais ou através dos centros de saúde", lê-se na publicação.

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