Fotógrafa de casamentos portuguesa detida por integrar grupo neonazi - TVI

Fotógrafa de casamentos portuguesa detida por integrar grupo neonazi

  • Paulo Delgado
  • Atualizada às 23:33
  • 11 jan 2018, 17:59
Claudia Patatas - portuguesa detida em Inglaterra

Cláudia Patatas declarou-se inocente tal como os restantes cinco homens acusados pela justiça britânica de pertencerem à ilegalizada National Action. Voltam a tribunal no próximo dia 19. Governo português acompanha situação

Seis - cinco homens e uma mulher, no caso, Cláudia Patatas, de 28 anos - foram detidos e presentes à justiça inglesa por alegadamente fazerem parte da National Action, a que é considerada como a primeira organização neonazi a ser ilegalizada no Reino Unido, em dezembro de 2016, dadas as suas atividades xenófobas e anti-imigração.

As detenções ocorreram no início do ano, em Banbury, no centro de Inglaterra, por uma brigada antiterrorista da polícia. Entre os seis detidos está também Adam Thomas, de 21 anos, alegadamente companheiro da portuguesa Cláudia, a única que em tribunal terá alegado não ser britânica, segundo relata a página da cadeia informativa BBC.

Na primeira audição no tribunal de Westminster, os seis alegaram a sua inocência, face aos indícios de pertença a um grupo ilegal, suspeito de preparação e incentivo de atos terroristas, segundo o que dita a Lei do Terrorismo britânica de 2000. Adam Thomas, namorado de Cláudia, negou mesmo ter em sua posse um livro de edição anarquista com instruções para o fabrico de bombas artesanais.

"Fotógrafa muito calma"

Na sua página profissional de fotógrafa de casamentos, batizados, gravidezes e festas familiares, Cláudia Patatas descreve-se como "uma fotógrafa muito calma, ponderada".

Amo o que faço. É um grande privilégio fazer parte de um dia de casamento, tirar fotografias a um recém-nascido ou passar o tempo a captar imagens de uma família", refere Cláudia, no perfil que publicou.

Conta o jornal Daily Mail que Cláudia chorou no tribunal quando ouviu as acusações.

Que se saiba, sem qualquer cadastro em Portugal, Cláudia está, como os restantes cinco indivíduos - Adam Thomas, Nathan Pryke, Darren Fletcher, Daniel Bogunovic e Joel Wilmore - detida preventivamente.

De acordo com a BBC, os seis estão acusados de terem pertencido à National Action, entre dezembro de 2016 e setembro do ano passado, sendo que alguns deles enfrentam também outras incriminações.

Os seis detidos preventivamente vão ser presentes ao Tribunal Central Criminal de Londres, conhecido por Old Bailey, na sexta-feira da próxima semana.

Família contatou Consulado

A detenção desta portuguesa, por suspeita de ligação a um grupo terrorista, "está a ser acompanhada" pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

A família da cidadã portuguesa contactou o Gabinete de Emergência Consular, que encaminhou a informação para o Consulado Geral de Londres, que investigou, confirmou a detenção e está a acompanhar a situação”, refere a secretaria de Estado das Comunidades, em resposta escrita enviada hoje à agência Lusa.

Claudia Patatas, residente na localidade de Banbury, a 130 quilómetros a noroeste de Londres, tem audição agendada no Tribunal Criminal Central de Londres para 19 de janeiro, juntamente com outros cinco homens, um dos quais o alegado companheiro.

A National Action (Ação Nacional), declarada oficialmente ilegal em dezembro de 2016 após três anos de existência, foi a primeira organização de extrema-direita a ser considerado proibida no país enquanto grupo terrorista, pelo que os seus membros ou apoiantes podem ser condenados até 10 anos de prisão.

Em causa estava o material que disseminado na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.

Embora a decisão de banir o grupo tenha sido anterior ao julgamento de Thomas Mair, condenado pelo assassinato da deputada Jo Cox, que foi aplaudido pela Ação Nacional e alegadamente inspirado por ideologia neonazi.

A ministra da Administração Interna britânica, Amber Rudd, descreveu na altura a National Action como "uma organização racista, antisemita e homofóbica que suscita o ódio, glorifica a violência e promove uma ideologia vil".

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