Portuguesa condenada a cinco anos de prisão por pertencer a grupo neonazi - TVI

Portuguesa condenada a cinco anos de prisão por pertencer a grupo neonazi

  • CE
  • 18 dez 2018, 15:38
Claudia Patatas - portuguesa detida em Inglaterra

Cláudia Patatas que estava, até agora, em liberdade condicional com pulseira eletrónica, incorria numa pena de 10 anos de cadeia

Uma portuguesa de 38 anos foi esta segunda-feira condenada a cinco anos de prisão por um juiz no tribunal de Birmingham por pertencer a uma organização neo-nazi proscrita pelo Governo britânico.

Cláudia Patatas, até agora em liberdade condicional, mas com pulseira eletrónica, vai ter a sentença reduzida em metade dos 166 dias que esteve sob aquela medida de coação, informou fonte do tribunal à agência Lusa.

O companheiro britânico, Adam Thomas, foi condenado a seis anos e meio de prisão pelo crime de pertencer ao grupo National Action mais dois anos e meio pela posse de um documento com instruções para construir explosivos, sentenças que serão cumpridas em simultâneo.

Ao ler a sentença, o juiz Melbourne Inman referiu a "longa história de convicções racistas violentas" de ambos e dirigindo-se à portuguesa em particular, disse: "Você foi tão radical quanto Thomas, tanto nas suas opiniões como nas suas ações".

O casal é pai de uma criança de pouco mais de 12 meses, ao qual deram "Adolf" como segundo nome devido à admiração por Hitler, demonstrada pela abundância de referências ao partido nazi alemão, desde almofadas no sofá com suásticas a um cortador de massa de biscoitos em forma de suástica.

Vocês agiram em conjunto em tudo o que pensaram, diziam e fizeram, desde o nome dado ao vosso filho até às fotos perturbadoras do seu filho cercado de símbolos do nazismo e do Ku Klux Klan", acrescentou o magistrado.

A sentença é o culminar de um processo com perto de um ano, que começou com a detenção de Patatas em janeiro, juntamente com outros cinco homens britânicos, acusados de serem membros da organização proscrita National Action.

O Governo britânico baniu o grupo em dezembro de 2016 por considerar "uma organização racista, antissemita e homofóbica que suscita o ódio, glorifica a violência e promove uma ideologia vil" devido ao material que disseminava na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.

A medida foi tomada poucos meses depois do homicídio da deputada trabalhista Jo Cox por um simpatizante da extrema-direita, o qual foi celebrado numa rede social por outro membro do Nacional Action, grupo que injuriava frequentemente deputadas trabalhistas.

O procurador público, Barnaby Jameson, descreveu o casal como membros ativos, que chegaram a ser expulsos de pelo menos uma conversa com outros elementos da extrema-direita chamada Triple K Mafia [referência ao grupo supremacista norte-americano Ku Klux Klan] numa aplicação de telemóvel encriptada devido à violência da linguagem.

Ela advogou a morte de todos os judeus e afirmou-se, juntamente com Thomas, como alguém que seria capaz de matar uma criança de raça mista", descreveu o procurador, numa audiência para preparar a sentença, na semana passada.

A portuguesa é considerada uma simpatizante de ideologia neonazi há muito tempo, incluindo quando ainda vivia em Portugal, onde fazia parte de um grupo que celebrava o aniversário de Adolf Hitler, admitiu durante o julgamento.

O procurador acusou Patatas de ter "deixado a casa tornar-se num arsenal" para o companheiro Adam Thomas guardar armas como bestas, facas e punhais, alguns dos quais encontravam-se no quarto onde dormiam com o filho recém-nascido.

Patatas deu à luz em meados de novembro de 2017 e foi fotografada poucas semanas mais tarde a segurar o bebé ao lado de Thomas enquanto este segurava uma bandeira com a suástica nazi.

Noutra fotografias, que Patatas terá tirado, Thomas segura o filho vestido com trajes iguais aos do Ku Klux Klan.

Esta segunda-feira foram também lidas as sentenças de Darren Fletcher, de 28 anos Nathan Pryke, 27, Joel Wilmore, 24, e Daniel Bogunovic, 27, que foram condenados a penas entre cinco e seis anos e cinco meses de prisão por serem membros proeminentes do grupo neonazi.

O National Action, disse o juiz, tinha como objetivos "derrubar a democracia” no país recorrendo à violência e ao homicídio, “e à imposição de um estado de estilo nazi que erradicaria setores inteiros da sociedade com violência e homicídio em massa".

Continue a ler esta notícia