Domingos Névoa «emprestou» dinheiro a vereador amigo - TVI

Domingos Névoa «emprestou» dinheiro a vereador amigo

Domingos Névoa

Empresário afirmou em tribunal, onde está a ser julgado por corrupção, que «não podia dizer não» a Luís Vilar

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O empresário Domingos Névoa, que está a ser julgado no Tribunal de Coimbra por corrupção activa, disse esta quarta-feira ter emprestado 50 mil euros ao ex-vereador socialista Luís Vilar, a quem «não podia dizer que não», escreve a Lusa.

Bragaparques: ex-autarca do PS começa a ser julgado

Ouvido esta manhã, na segunda sessão do julgamento do processo em que também Vilar é arguido, o dono da Bragaparques explicou à presidente do colectivo de juízes, Elisabete Coelho, as razões que o levaram a entregar aquele montante ao antigo líder local do PS através da emissão de dois cheques em datas distintas.

«Foi para não lhe mostrar facilidade» e «para não tornar fácil pedir», disse Domingos Névoa, admitindo ser amigo há vários anos de Luís Vilar, que conheceu pessoalmente nos anos 80.

«Tenho feito isso a muita gente e continuo a fazer», declarou Domingos Névoa, que disse não receber por isso quaisquer juros das pessoas a quem empresta dinheiro, «entre amigos e colaboradores».

Segundo o dono da Bragaparques, Luís Vilar «cumpriu perfeitamente» com o acordado quanto aos prazos de devolução do 50 mil euros, que o ex-vereador do Ambiente da Câmara de Coimbra alegou ter pago por quatro vezes.

Domingos Névoa insistiu que é seu hábito «não mostrar facilidade» quando empresta dinheiro, optando geralmente por passar diferentes cheques.

«Pode ser defeito meu, mas faço sempre isso», repetiu, salientando que esta é uma medida cautelar, por saber que «às vezes o dinheiro tem duas caras: uma para ir e outra para vir».

O arguido esclareceu que «não é amigo de casa» de Luís Vilar, mas que o inclui entre os seus amigos há vários anos.

«Não lhe podia dizer que não», quando Vilar, segundo o próprio, lhe pediu no início da década 50 mil euros emprestados para, alegadamente, poder fazer avançar com um projecto na área do tratamento de resíduos sólidos.

O empresário de Braga vincou que, na sua decisão de fazer o empréstimo a Vilar, pesou a relação próxima que os dois mantinham com o advogado Vespasiano Macedo e com Vassalo Abreu, ex-presidente do Centro de Estudos e Formação Autárquica (CEFA), que integra actualmente a administração da Metro Mondego, duas entidades com sede em Coimbra.

«Eu não posso emprestar dinheiro? Onde é que está o perigo?», perguntou.

Domingos Névoa afirmou que «quer cumprir religiosamente a lei» nos diversos empreendimentos imobiliários que tem promovido no país.

«Eu não preciso de favores de nenhum político», acrescentou, negando que tivesse querido corromper Luís Vilar quando lhe entregou 50 mil euros, em 2002.

Luís Vilar responde neste processo por cinco crimes, sendo o mais grave o de corrupção passiva.

O antigo autarca é acusado de ter recebido 50 mil euros daquele empresário alegadamente a troco da viabilização, enquanto vereador, da junção de dois lotes que permitiu à Bragaparques aumentar o número de lugares no parque de estacionamento do Bota-Abaixo.

Vilar é também acusado do crime de abuso de poder por alegadamente ter beneficiado de contactos e conhecimentos resultantes do exercício das funções autárquicas numa empresa onde foi consultor.

Segundo a acusação, Vilar terá também feito valer a sua condição de autarca para sensibilizar os colegas da vereação para o avanço célere de projectos de uma associação detentora da Universidade Vasco da Gama, da qual era presidente.

É igualmente acusado do crime de tráfico de influências por alegadamente ter recebido de um construtor civil donativos para a campanha autárquica de 2005.
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