O curador David Santos, há ano e meio diretor do Museu do Chiado, entrou em rutura com a tutela e demitiu-se, depois de ter sido revogado um despacho que afetava a chamada Coleção SEC à Direção-Geral do Património Cultural, prevendo a "incorporação" da Coleção SEC no Museu do Chiado, "salvaguardando acordos entretanto celebrados".
Entretanto, um grupo de artistas e agentes do setor agendou uma concentração popular contra a atual política cultural e de repúdio do processo, que levou à demissão de David Santos. A manifestação terá lugar precisamente hoje, à hora da inauguração e às portas do museu.
Para além disso, na última semana foram levantadas várias questões, que diferentes agentes do setor consideram ainda não totalmente esclarecidas.
Em causa, adianta a Lusa, está a titularidade da coleção - inicialmente nas mãos da Direção-Geral das Artes e, desde fevereiro do ano passado, na Direção-Geral do Património Cultural, tendo voltado às Artes, por revogação desse despacho. E também os acordos assinados com várias entidades que detêm o depósito de diferentes peças, a maioria - cerca de 550 - no museu da Fundação de Serralves.
Projeto com 20 anos
A ampliação do Museu do Chiado, ambicionada há mais de duas décadas pelos sucessivos diretores que geriram este importante espaço museológico, concretizou-se na assinatura, em fevereiro deste ano, de um protocolo entre a Secretaria de Estado da Cultura, o Ministério da Administração Interna e o Ministério das Finanças, para cedência de parte do Convento de São Francisco.
A exposição de hoje marca, assim, a abertura de uma primeira fase do projeto de ampliação do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, que prevê a atribuição total de mais 3.300 metros quadrados.
Estarão patentes 70 obras de artistas portugueses, nas novas instalações que pertenceram antes ao Governo Civil.