REFER assume: Linha do Tua depende da barragem - TVI

REFER assume: Linha do Tua depende da barragem

Acidente no Tua

Com a barragem desaparecerá uma das paisagens mais belas do país

Relacionados
ACTUALIZADA ÀS 13h18

A REFER assumiu, pela primeira vez, que o futuro da linha do Tua está dependente da barragem de Foz Tua, anunciando que a circulação continuará suspensa até uma decisão relativa à construção do empreendimento hidroeléctrico, noticia a Lusa.

Num comunicado divulgado terça-feira, a empresa proprietária da linha refere que a circulação entre o Cachão e a Foz do Tua «será condicionada à decisão que vier a ser tomada relativamente à construção da Barragem de Foz do Tua».

A circulação está suspensa há mais de meio ano neste troço da linha, desde o último acidente a 22 de Agosto, que provocou uma vítima mortal.

Corgo e Tâmega: CP assegura alternativas

Até agora, a REFER nunca se tinha pronunciado sobre as implicações da barragem, apesar de todos os estudos apontarem para a submersão de parte da linha, independentemente da cota da albufeira.

O início da construção da barragem de Foz Tua aguarda pela Declaração de Impacte Ambiental que, caso seja favorável, implicará a desactivação imediata dos últimos quatro quilómetros da linha.

A EDP necessita deste troço para os trabalhos de prospecção da barragem, que depois deverá inundar mais alguns quilómetros da ferrovia com o enchimento da albufeira, cortando a ligação à linha do Douro e ao Litoral.

Com a barragem desaparecerá também a paisagem que é considerada o principal atractivo para os passageiros desta linha, considerada das vias estreitas mais belas do mundo.

«Erro trágico»

Numa reacção ao anúncio da REFER, a Liga dos Amigos Douro Património Mundial (LADPM) «não se conforma com a situação» e lança um alerta a todas as entidades públicas contra a «descaracterização e desvirtuamento».

A Liga entende que «o afogamento da linha do Tua será um erro trágico que pode lesar o conceito de Património Mundial» do Douro Vinhateiro, já que se encontra na sua área de influência.

Num documento enviado aos membros do Governo, a LADPM alega não ser «contra o represamento da água dos rios, com fins energéticos, apoiando, de forma inequívoca, investimentos com sustentabilidade social, económica e ambiental».

«Porém, devem ser ponderados, desde logo nos estudos prévios, todos benefícios e custos, isto é, os impactos - positivos e negativos - que resultem da implantação de novos projectos que possam alterar significativamente, quer a paisagem, quer a destruição de património edificado, com valor social, intergeracional e económico, que a simples aplicação de técnicas financeiras não consegue captar, nem valorar adequadamente», acrescenta.

A Liga de Amigos do Douro entende que o Estudo do Impacto Ambiental (EIA) da barragem de Foz Tua «não valorizou a Linha do Vale do Tua».

Refere ainda não ter «quaisquer dúvidas de que a Linha do Tua constitui um bem cultural que a geração actual tem obrigação de preservar e transferir como legado para gerações futuras». Para a LADPM, «não está em causa o valor comercial actual» da linha, que admite ser reduzido, mas é «incalculável o seu valor patrimonial e cultural».
Continue a ler esta notícia

Relacionados