Covid-19: "Na analogia dos incêndios, nós todos somos a palha porque não estamos protegidos", diz DGS - TVI

Covid-19: "Na analogia dos incêndios, nós todos somos a palha porque não estamos protegidos", diz DGS

Em conferência de imprensa, Graça Freitas lembrou que "qualquer fósforo que chega a uma palha pode dar origem a um foco de incêndio", numa clara alusão para que sejam cumpridas as medidas para controlar a transmissão e propagação da doença

António Costa anunciou esta segunda-feira que existem 15 freguesias dos concelhos de Lisboa, Amadora, Sintra, Loures e Odivelas que vão ser alvo de um reforço de medidas para controlar a transmissão e propagação da Covid-19.

Sobre essas mesmas medidas, Graça Freitas disse, esta segunda-feira em conferência de imprensa, que uma parte delas são transversais a todo o país, como evitar ajuntamentos, evitar saídas desnecessárias e a higienização dos espaços e superfícies.

Os ajuntamentos quer nestas freguesias quer noutras não se devem verificar", referiu. 

Numa clara chamada de atenção aos jovens, lembrou que estes não devem partilhar garrafas, copos ou qualquer outro objeto e, numa analogia aos incêndios, a diretora-geral da Saúde reforçou que este tipo de gestos podem resultar num grande números de novos casos. 

O vírus circula. Por mais que se faça, vai haver casos. Na analogia dos incêndios, nós todos somos a palha porque não estamos protegidos nem pela vacina, nem pela imunidade natural, portanto, qualquer fogo, qualquer fósforo que chega a uma palha pode dar origem a um foco de incêndio", reforçou. 

Questionada sobre a possibilidade de as férias, nomeadamente escolares, levarem a um aumento de casos, a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) notou que “há regras de convívio, seja com o vizinho, com o concelho ou com o país do lado” e uma delas é que “diferentes grupos [de coabitantes] não devem conviver de perto”.

Não tenho qualquer problema em pedir às pessoas que se afastem de mim se achar que estão muito próximas. Porque posso contagiá-las ou porque me podem contagiar. Vejo pessoas a falar veementemente em direção ao outro e isso não é adequado. É precisa etiqueta respiratória”, observou Graça Freitas.

A responsável da DGS lembrou ainda a regra de “evitar partilha física”, sejam “abraços, beijos”, seja a “proximidade” ou “troca de objetos”.

É óbvio que os grupos de jovens, deixando de estar na escola [devido às férias], passam a estar em outros locais. Mas há regras de convívio. Ninguém impede que as pessoas convivam. Mas com regras”, frisou.

Graça Freitas ressalvou que o contágio não depende das férias, porque o distanciamento é “algo que se treina sem sair do bairro ou da vizinhança”.

A responsável da DGS notou ainda que existem “cinco grupos de medidas” para evitar o contágio da covid-19.

O distanciamento social, a higiene das mãos, o uso de máscara, a etiqueta respiratória a tossir, mas também a falar e a desinfeção das superfícies”, descreveu.

Graça Freitas apelou ainda para “rapidez” na comunicação de sintomas às autoridades de saúde, e de casos, por parte de “médicos e laboratórios”.

“Quanto mais rapidamente notificarem as autoridades, mais rapidamente se pode ir à procura dos seus contactos. E todos devem ficar em confinamento durante 14 dias”, recomendou.

“Não sair. Se não, estarão a pôr em risco outras pessoas”, vincou.

De acordo com a responsável, “prevenir, agir rapidamente e confinar” são “as grandes regras para minimizar o impacto de uma doença contagiosa como a covid-19”.

Reforço de profissionais de saúde nos hospitais Amadora-Sintra e Beatriz Ângelo

António Lacerda Sales anunciou que as equipas das unidades hospitalares dos concelhos de Amadora e Loures vão ser reforçadas, ou seja, o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e o Beatriz Ângelo. 

De acordo com António Lacerda Sales, as unidades de saúde em causa já “duplicaram a capacidade de realização de inquéritos epidemiológicos”, uma ferramenta considerada crucial para identificar, isolar e quebrar cadeias de transmissão da covid-19.

“São mais cerca de 20 recursos humanos alocados a estes serviços”, afirmou, especificando que são mobilizados profissionais de várias instituições, entre as quais a Escola Nacional de Saúde Pública, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto de Higiene e Medicina Tropical, a Cruz Vermelha Portuguesa, da Administração Regional de Saúde do Centro e a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.

No grupo, encontram-se também médicos de formação geral dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Muitos destes profissionais vão começar esta semana, prevendo-se assim também assegurar a mesma capacidade de resposta durante o período de férias”, acrescentou o governante durante a habitual conferência de imprensa para atualizar a informação relativa à pandemia de covid-19 em Portugal.

“Estamos a falar de focos. Como nos focos de incêndios, é preciso acudir com os meios disponíveis para evitar que a situação de alastre”, disse.

O secretário de Estado indicou que a ocupação em unidades de cuidados intensivos é de 63%, dos quais 21% de doentes com covid.

No entanto, frisou, “uma coisa é a capacidade de resposta do SNS à pandemia e outra é a capacidade de a sociedade travar a propagação”.

Lacerda Sales reiterou que o bem-estar coletivo continua a depender da responsabilidade individual: “Desconfinar não é relaxar, nem desresponsabilizar”.

“Temos a obrigação de continuar a cuidar uns dos outros. Os mais novos têm a obrigação de proteger os mais velhos e os mais frágeis”, declarou, referindo que o vírus que causa a covid-19 “ainda não passou”, nem existe vacina, pelo que continua a existir risco para a saúde se não forem observadas as regras sanitárias.

Hospitais Fernando Fonseca, Beatriz Ângelo e de Setúbal "mais pressionados" 

Os hospitais mais “pressionados” em Lisboa e Vale do Tejo são o Fernando Fonseca (Amadora), Beatriz Ângelo (Loures) e de Setúbal, com taxas de ocupação de 93%, 100% e 86%, respetivamente, revelou o secretário de Estado da Saúde.

António Lacerda Sales adiantou ainda que os “menos pressionados” são os hospitais de Lisboa Ocidental, com uma ocupação de 57%, o do Médio Tejo, com 26% e o de Lisboa Norte, com um valor entre os 75 e os 80%.

Questionado sobre o número de jovens infetados com o novo coronavírus internados e sobre os internados em cuidados intensivos, o governante não soube especificar, adiantando que “os serviços de saúde em Lisboa e Vale do Tejo não estão sob grande pressão” e que as unidades de cuidados intensivos apresentam “uma taxa de ocupação de 59%”, ao passo que a taxa de ocupação nacional é de 63%.

“Em 218 camas estão livres 89”, adiantou Lacerda Sales.

Quanto “ao conjunto de camas livres afeto à covid” na Área Metropolitana de Lisboa, Lacerda Sales disse que “está pouco abaixo dos 50%”.

Relativamente a números nacionais, o secretário de Estado da Saúde revelou ser de 63% a taxa de ocupação em cuidados intensivos.

Das 531 camas “disponíveis” em cuidados intensivos, estão vagas 199, observou.

Quanto à “taxa de ocupação” nacional ligada à covid é de 21%.

O estado de calamidade vai manter-se em Odivelas e Amadora, assim como em algumas freguesias dos municípios de Lisboa, Loures e Sintra, independentemente da decisão a tomar para o território nacional, anunciou hoje o primeiro-ministro, após ter estado reunido com os presidentes dos cinco concelhos atualmente mais atingidos pela pandemia de covid-19: Lisboa, Loures, Odivelas, Sintra e Amadora.

Os cinco concelhos da região de Lisboa mais atingidos pela covid-19 concentraram metade dos novos casos de contágio verificados em Portugal nas últimas duas semanas, registando um aumento de 2.230 infeções.

Tendo por base os boletins divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) entre 07 e 21 de junho, os concelhos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra acumularam 50,2% do total de novos casos neste período em Portugal (4.440).

Portugal contabiliza pelo menos 1.534 mortos associados à covid-19 em 39.392 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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