Surtos de Covid-19 em Lisboa: "Medidas tomadas agora só terão impacto dentro de duas semanas" - TVI

Surtos de Covid-19 em Lisboa: "Medidas tomadas agora só terão impacto dentro de duas semanas"

  • Bárbara Cruz
  • Com Lusa - atualizada às 15:20
  • 2 jun 2020, 13:59

INEM está a testar trabalhadores na zona de Lisboa em empresas de construção civil e trabalho temporário

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu esta terça-feira na conferência de imprensa de balanço da pandemia de Covid-19 em Portugal que os resultados da estratégia das autoridades sanitárias para a região de Lisboa e Vale do Tejo não se refletirá já nos próximos dias.

A grande maioria dos casos novos é na região de Lisboa", disse Lacerda Sales, frisando que está em curso um plano de testagem, operacionalizado pelo INEM, em várias dezenas de empresas da região da capital, nomeadamente na Azambuja. "Até ao final desta semana faremos um ponto de situação", acrescentou.

O secretário de Estado revelou ainda que durante o dia de ontem foram recolhidas 945 amostras em empresas para serem testadas e cerca de 2000 desde sábado passado.

Muitas das medidas tomadas agora só terão impacto dentro de duas semanas, temos de ser resilientes e manter o foco", sublinhou Lacerda Sales. "A responsabilidade individual é tão ou mais importante do que na fase do desconfinamento".

As amostras são processadas pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e por outros hospitais da região, indicou Lacerda Sales, salientando que a estratégia para conter o surto é “identificar, testar e isolar muito rapidamente” os casos de infeção pelo novo coronavírus.

Igualmente presente na conferência de imprensa, para além de Larcerda Sales e de Graça Freitas, esteve ainda Luís Meira, presidente do INEM, para dar conta do esforço de testagem do instituto. Sublinhando que se trata de um "processo muito complexo", Luís Meira explicou que o INEM está a testar trabalhadores de empresas de construção civil e funcionários de empresas de trabalho temporário. 

Os técnicos do instituto estão a trabalhar, em alguns casos “de manhã até bem depois da meia-noite”, num processo logisticamente complexo para o qual “as empresas têm manifestado grande disponibilidade”, indicou Luís Meira.

O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi questionado sobre a higienização das ambulâncias, que deixou de ser feita pela GNR, dizendo que é “competência” dos profissionais do instituto.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar criticou a decisão do INEM de terem de ser os técnicos a fazer a desinfeção das ambulâncias, que era assegurada pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, alertando, nomeadamente para o tempo que a operação vai demorar.

“Percebo as preocupações dos profissionais e estamos preocupados com a segurança dos doentes que transportamos e com os nossos profissionais. Mas a limpeza é uma das suas funções e competências”, disse Luís Meira.

“Em todas as mais de 100 ambulâncias do INEM no país os profissionais têm competências para garantir a desinfeção”, afirmou o presidente do Conselho Diretivo do INEM.

O secretário de Estado atualizou ainda o número de lares de idosos com casos ativos de Covid-19: são 293, um total de 11,6% do universo total das Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI). 

Já a diretora-geral da Saúde, questionada sobre o regresso da Liga, voltou a apelar ao civismo, sublinhando que a retoma do futebol profissional "foi uma dura conquista" e que pode retroceder por um comportamento imprudente.

Relativamente ao distanciamento social, o ideal são os dois metros. Mesmo se estiverem a assistir pela televisão em espaços fechados, não devem esquecer esta regra e outra, muito importante, que é a partilha de objetos como copos ou garrafas – não fazer isso, de todo”, disse Graça Freitas.

A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) avisou que, “na altura da comemoração dos golos, a tendência vai ser para comemorar como antes”, com “contacto físico”, apelando para que a celebração decorra “sendo exuberante, mas com distância”. Isto, “a menos que se trate de pessoas que vivam na mesma casa”, frisou.

Deixo um grande apelo aos adeptos para que, se se juntarem, mantenham regras de distanciamento físico e de proteção barreira, usando máscara e não partilhando objetos”, acrescentou.

A I Liga portuguesa de futebol regressa na quarta-feira, quase três meses depois de paragem devido à pandemia de Covid-19, para umas últimas 10 jornadas sem público, uma dezena de substituições por jogo a partir, tudo indica, da ronda 27 e testes constantes à Covid-19.

Sobre os surtos na região de Lisboa, Graça Freitas diz que estão a ser feitos "anéis de contenção" aos focos que existem, uma "estratégia muito agressiva", e revelando que cerca de 4% dos testes feitos deram positivo para Covid-19.

Falando ainda sobre as cadeias de transmissão do vírus em Portugal, Graça Freitas revelou que na região Norte há transmissão comunitária do vírus, apesar de a incidência ser agora menor, na região Centro há pequenos focos localizados e na região de Lisboa há transmissão comunitária da Covid-19. Já no Alentejo e Algarve registam-se apenas pequenos focos e nos arquipélagos da Madeira e Açores regista-se apenas transmissão esporádica. 

A assimetria regional reflete a dinâmica do vírus", disse Graça Freitas, assinalando ainda que os números da mortalidade estão dentro do que é considerado "normal".

A taxa de letalidade da Covid-19 em Portugal está globalmente em 4,4%, mas acima dos 70 anos a taxa sobe para 17,3%.

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