Portugal é o segundo país europeu onde mais se confia nas notícias. Só a Finlândia está à frente, revela o estudo Digital News Report 2017, realizado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism.
A percentagem de confiança dos portugueses nas notícias ronda os 58%. Há uma variação significativa nos 36 países analisados, que contaram com 76 mil participantes. Se a Finlândia tem a percentagem mais elevada (62%), na Grécia e na Coreia do Sul os níveis de confiança são mais baixos (23%).
Um dado curioso é que a confiança desceu sete pontos percentuais, para 43%, desde o referendo do Brexit.
29% | Evita as notícias frequentemente ou por vezes |
Desses, quase 44% fá-lo por as notícias terem efeito negativo no humor | |
33% não confia na veracidade |
O estudo revela ainda que em Portugal, as três marcas offline mais usadas como fonte de notícias são a SIC, a TVI e a RTP. No online, as mais citadas são o Notícias ao Minuto, o Sapo e a SIC Notícias.
O relatório traça também o perfil de tendência política dos inquiridos, relacionando-o com os órgãos de comunicação social. Conclui, por exemplo, que o Diário de Notícias é mais lido por pessoas com tendência ideológica mais de esquerda, enquanto o Observador é mais lido por pessoas com tendência mais de direita.
Metade usa redes sociais como fonte de notícias
O relatório dá ainda conta deque mais de metade (54%) utilizam as redes sociais como fonte de notícias,a cada semana, mas isso varia entre os 76% no Chile e os 29% no Japão e Alemanha. Um em cada dez afirma que as redes sociais são a sua principal fonte de notícias.
Porém, salienta ao mesmo tempo um declínio no uso do Facebook em alguns países onde aumentou a popularidade das apps de messaging.
Relativamente ao papel das redes sociais, apenas um quarto (24%) acredita que fazem um bom trabalho na separação dos factos da ficção, comparando com os 40% que acham que os media fazem um bom trabalho.
Acreditar ou não acreditar?
Em países como os Estados Unidos, a probabilidade de alguém acreditar mais nos media é duas vezes superior (20%/38%).
Já a Grécia surge como o único país onde as pessoa acreditam num melhor trabalho das redes sociais, porque a confiança nos órgãos de comunicação social é muito baixa (28%/19%).
O estudo conclui também que as plataformas estão a evoluir, graças ao aumento das aplicações e dos smartphones, tornando-se uma forma predominante de aceder às notícias.
Notificações no telemóvel
De uma maneira geral, os alertas de notícias nos telemóveis estão a transformar-se numa das formas mais importantes de descobrir notícias. Na Suécia, EUA e Coreia do Sul há um grande aumento na percentagem de pessoas que acedem às notícias desta forma.
O relatório refere que vários órgãos de comunicação social procuram atingir receitas online sustentáveis, assistindo-se a um aumento considerável de pessoas disponíveis para pagar por notícias online nos EUA, com um crescimento dos 9% para os 16%.
No entanto, entre todos os países, apenas um em cada dez paga por notícias online, sendo que esta é uma tendência mais predominante nos países nórdicos, como a Noruega (26%) e a Suécia (20%).
Fake news
O relatório refere que a preocupação com a baixa qualidade das notícias e com as fake news (notícias falsas) oferece às organizações de media a oportunidade de demonstrar o valor do jornalismo de qualidade, já que o inquérito demonstrou que “elevados níveis de falta de satisfação em relação à qualidade das notícias e comentário, em geral, e nas redes sociais em particular”.
O estudo será apresentado em Portugal em setembro, altura em que serão revelados dados mais específicos sobre o país.