A morte de uma doente do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, motivou o filho de uma outra doente de Hepatite C, também infetada com uma transfusão sanguínea no Sistema Nacional de Saúde, a fazer contas na sua agência de publicidade.
Um facto: há 13 mil pessoas com Hepatite C inscritas nos hospitais portugueses. Apenas 3400 a 4 mil são doentes com indicação do tratamento prioritário para o medicamento inovador Sofosbuvir, por estarem em risco de vida. Todos os outros podem ser tratados por fases.
As negociações entre o Estado e a farmacêutica norte-americana que detém a patente do medicamento arrastam-se desde maio de 2014.
A TVI sabe que já há um preço de 28 mil euros por doente à mesa das negociações (contra os 40 mil euros iniciais por doente), mas se conseguíssemos por exemplo, o preço de 25 mil euros que Espanha estará a pagar, o país trataria todos os doentes urgentes com 85 milhões de euros.
Mas qual é o preço de não tratar estas pessoas?
«O Estado português não trata agora e essas pessoas desenvolvem a doença (…), evoluem para um cancro, têm que ser transplantadas e, no momento em que têm de ser transplantadas, não há outra solução senão aplicar o tratamento que agora é recusado», diz Pedro Serra, filho de doente de Hepatite C.
Não gastar 85 milhões agora implicará num curto espaço de tempo gastar quase 600 milhões de euros.
E no Orçamento, que peso é que tem esta doença comparada com outras doenças do Estado? Feitas as contas, o que o Estado investiu, só no ano passado no caso BES, daria para curar quase 200 mil doentes de Hepatite C.