Terrorismo: como está o controlo das fronteiras com Espanha - TVI

Terrorismo: como está o controlo das fronteiras com Espanha

Quintanilha, Vilar Formoso, Caia e ponte internacional do Guadiana. Quem por lá passa, vê poucos polícias

A propósito do reforço do controlo das fronteiras, na sequência dos ataques terroristas de Paris, como está a ser feita a vigilância nas fronteiras entre Portugal e Espanha? A agência Lusa constatou junto de quatro dos principais postos fronteiriços de Portugal Continental – Quintanilha (Bragança), Vilar Formoso, Caia e na ponte internacional do Guadiana -, que a circulação se faz esta segunda-feira com normalidade e sem controlo policial visível.

A passagem pela fronteira de Quintanilha, em Bragança, decorria sem controlo policial no local, mas quem habitualmente faz este percurso, entre Portugal e Espanha, afirmou que é visível a presença de elementos das autoridades no terreno ao longo da estrada, em ambos os lados da fronteira.

Joaquim Silva partiu esta manhã do Porto em direção a Barcelona, Espanha, uma viagem que faz frequentemente com a presença “quase contínua” da polícia, como disse à Lusa, numa cafetaria espanhola, em Trabazos, a cerca de 30 quilómetros de Bragança.

“Ainda agora saíram daqui cinco ou seis” polícias, observou o camionista, que habitualmente só conduz até Espanha, secundado por Raquel Sesnandez, que, enquanto servia os clientes da cafetaria, garantia que os oficiais “estão sempre” no lado espanhol.

Joaquim Silva sublinhou que são habituais os controlos policiais ao longo da estrada espanhola 122, que faz a ligação à A4, em Quintanilha, na ponte sobre o rio Maças. Contudo, referiu que também há controlo do lado português, pois ainda esta manhã se cruzou com a polícia portuguesa na A4, já no distrito de Bragança.

O camionista assumiu que só ouviu falar que o controlo “é mais apertado” nas fronteiras com França. Entre Portugal e Espanha, admitiu que a situação é a habitual: “pode haver ocasiões em que se passa 50 vezes sem ninguém dizer nada e outras em que é mandado parar três ou quatro vezes”, contou.

Já na fronteira de Vilar Formoso, na Guarda, a GNR informou ter reforçado a fiscalização ao longo da linha de fronteira com Espanha, após os atentados de 13 de novembro. O tenente-coronel Cunha Rasteiro explicou à Lusa que a presença na principal fronteira terrestre do país não é constante, “porque não houve reposição de fronteiras internas”, mas a presença dos militares “existe em períodos descontinuados, ao longo do dia”.

“Há um aumento efetivo de controlos móveis, que tanto podem ser na linha da fronteira ou num espaço de 50 quilómetros para cada um dos países, ao abrigo do Acordo de Schengen”


Mais a sul, na fronteira de Caia, em Elvas, circulava-se esta manhã com normalidade e sem a presença visível das autoridades portuguesas ou espanholas em ações de combate ao terrorismo.

A rotina naquela zona era a habitual: um entre e sai de veículos pesados dos parques de estacionamento e alguns automobilistas a abastecerem as suas viaturas nos postos de combustível.

Paulo Guerra, um dos camionistas portugueses que tem circulado nos últimos dias pelas estradas de Espanha, disse estar a desenvolver o seu trabalho “com normalidade”, não tendo observado nas últimas horas um controlo “mais apertado” por parte das autoridades.

“Tenho falado com alguns colegas que também têm passado pelas fronteiras entre Espanha e França e, aí sim, parece que o controlo é um pouco mais apertado, mas nada de especial”, relatou.

Quanto à ponte internacional sobre o rio Guadiana, que liga o Algarve à região autónoma espanhola da Andaluzia, o ambiente era esta manhã de tranquilidade, sem qualquer tipo de controlo policial a veículos ou passageiros que atravessavam a fronteira entre os dois países.

A presença das forças de segurança apenas era visível no posto de controlo fronteiriço luso-espanhol de Castro Marim, localizado na margem portuguesa, antes de atravessar a ponte para Espanha, onde estão presentes elementos das várias forças policiais e serviços de segurança de ambos os países.

Juan Cuesta, um espanhol de Huelva, capital da província homónima da Andaluzia, disse à Lusa que, no percurso de cerca de 50 quilómetros que fez hoje até à fronteira com o Algarve, não notou grandes diferenças nos dispositivos policiais no seu país, apenas “os controlos habituais de tráfego junto às rotundas logo à saída” da cidade.

A Lusa contactou fonte do comando de Faro da GNR, que assegurou que as autoridades policiais dos dois países estão a realizar os controlos que consideram adequados à situação que se vive, mas sem revelar quais.
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