Covid-19: diminuição de novos casos não decorre de menos testes, assegura Governo - TVI

Covid-19: diminuição de novos casos não decorre de menos testes, assegura Governo

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  • Publicado por MM - Atualizada às 15:06
  • 3 ago 2020, 15:01

Secretário de Estado diz que nova norma da DGS mais não faz do que formalizar e normatizar o que já eram procedimentos habituais

O secretário de Estado da Saúde assegurou, esta segunda-feira, que a diminuição de novos casos de infeção pelo novo coronavírus, registada nos últimos dias, não decorre de uma quebra no número de testes realizados.

Na semana que findou, Portugal fez, em média, mais de 13.300 testes por dia, não há qualquer orientação para testar menos”, garantiu António Lacerda Sales, durante a habitual conferência de imprensa sobre a covid-19 em Portugal.

O secretário de Estado referia-se a uma norma publicada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre o rastreio de contactos por Covid-19, que prevê que deixe de ser obrigatório realizar testes aos contactos de alto risco com infetados.

No sábado, o semanário Expresso noticiou que "os contactos de alto risco deixam de ser testados" com esta norma, uma situação que a DGS negou no mesmo dia em comunicado, assegurando que "não é verdade" que "Portugal vá reduzir o número de testes" e que a norma "exclua ou restrinja o universo de pessoas sujeitas à realização de testes".

António Lacerda Sales referiu o tema durante a sua intervenção inicial, afirmando que a nova norma mais não faz que formalizar e normatizar aquilo que já eram os procedimentos habituais.

A realização de testes a contactos de casos confirmados de covid-19 sempre dependeu e continua a depender da estratificação do risco efetuada pelas autoridades de saúde”, disse.

E considerou ainda que, apesar de ser uma ferramenta determinante, a eficácia a testagem é limitada se não houver, paralelamente, um trabalho de identificação de cadeias de transmissão, através de inquéritos epidemiológicos que permitam identificar e isolar os contactos.

Neste sentido, o secretário de Estado afastou a política de testes como eventual explicação para a diminuição no número de novos casos de Covid-19 registados diariamente, acrescentando, por outro lado, que a evolução aparentemente positiva deve ser interpretada com cautela.

Temos analisado os números sempre com a maior cautela, sem euforias desmedidas quando a situação aparenta estar mais controlada, nem negativismos exacerbados quando as coisas não correm como gostaríamos”, sublinhou.

Olhando para os dados mais recentes, que hoje apontam para a inexistência de óbitos registados no último dia, pela primeira vez desde 16 de março, António Lacerda Sales considerou que a resposta de Portugal à pandemia tem sido positiva.

Sabemos que continuamos a tomar as melhores decisões com base na melhor evidência científica disponível em cada momento e gerindo os recursos de que dispomos de forma proporcional, dinâmica e procurando sempre a melhor eficiência”, afirmou.

O governante aproveitou a conferência de imprensa também para apelar novamente ao comportamento responsável dos portugueses, em particular, daqueles que estão neste momento de férias, sublinhando que “o sucesso coletivo continua a depender das ações individuais de cada um”.

Cautela nas reações a primeiro dia sem mortes

O secretário de Estado da Saúde recomendou cautela nas reações ao primeiro dia desde março em que não houve mortes por Covid-19, alertando que “de um momento para o outro a situação pode inverter-se”.

Na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, António Lacerda Sales emocionou-se quando questionado sobre o facto de nas últimas 24 horas não ter havido mortes provocadas pelo novo coronavírus, o que já não sucedia desde 16 de março.

Tem sido muito difícil nestes últimos tempos e queria dizer que estamos muito felizes que isto tenha acontecido. Olhamos para estes números com humildade e com cautela, porque sabemos que de um momento para o outro a situação pode inverter-se”.

Por causa disso, Lacerda Sales pediu aos cidadãos que continuem o seu “esforço individual e coletivo” para que “ajudem a manter este processo” e fazer com que haja mais dias com “zero óbitos”.

O secretário de Estado frisou que há “uma grande imprevisibilidade” em qualquer pandemia, notando que “são muitos meses a anunciar óbitos e, isso do ponto de vista humano e para um profissional de saúde, não é bom”.

Vamos esperar pelos próximos dias para avaliar com cautela, com humildade e com a determinação própria de quem está no terreno, em conjunto com os profissionais de saúde e a estrutura de saúde pública para combater esta pandemia”, afirmou.

Portugal regista esta segunda-feira mais 106 novos casos de infeção por Covid-19 em relação a domingo e nenhuma morte, segundo o boletim diário da Direção-Geral de Saúde (DGS).

De acordo com o relatório da situação epidemiológica da DGS, desde o início da pandemia até hoje registaram-se 51.569 casos de infeção confirmados e 1.738 mortes.

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