Covid-19: fecho das escolas "seria a medida mais forte de saúde pública" - TVI

Covid-19: fecho das escolas "seria a medida mais forte de saúde pública"

  • .
  • AG
  • 18 jan 2021, 20:36
Escola

Governo voltou a recusar o fecho dos estabelecimentos de ensino

O encerramento das escolas “seria a medida mais forte de saúde pública a ser tomada” perante a existência de um “teto falso” na deteção de novos casos e o aparecimento da variante inglesa, defendeu esta segunda-feira um especialista.

Segundo Óscar Felgueiras, matemático especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, “o encerramento das escolas seria a medida mais forte de saúde pública que poderia ser tomada. Será muito difícil controlar o aumento do número de casos sem essa medida”.

Em declarações à agência Lusa, o perito defendeu que face à “gravidade da situação” pandémica se justificaria o encerramento das escolas e das universidades.

Existe evidência científica que mostra ser das medidas que mais efeito produz”, salientou.

Quanto às medidas anunciadas pelo Governo, o especialista acredita que “podem eventualmente travar [a evolução da pandemia], mas de forma muito lenta”.

Acho que não é o suficiente para o índice de transmissibilidade [designado Rt] baixar, aliás, não é garantido que se observe o pico de novos casos no próximo mês”, considerou.

Para Óscar Felgueiras, existem “dois grandes obstáculos”: as “falhas na deteção” de novos casos de infeção e o surgimento da variante detetada em Inglaterra do novo coronavírus.

“O problema é que existe, neste momento, um grande reservatório de casos não detetados e não vai ser possível esgotá-lo tão cedo”, disse, acrescentando que “existem milhares de inquéritos epidemiológicos em atraso”.

Para já, o que se espera que aconteça é que estejamos sempre num patamar entre 10 e 11 mil casos durante os dias da semana em que se consegue detetar mais casos, mas sempre sujeitos a um género de teto falso e isso reflete-se na positividade, nos internamentos e nos óbitos”, salientou.

Para o especialista, a subida da taxa de positividade nos testes de rastreio, que neste momento “ronda os 19,1%”, é “sinal de menor deteção de casos”.

Óscar Felgueiras salientou ainda que “o aparecimento da variante inglesa”, que acredita já estar “espalhada pelo país” e que “caminha para ser uma variante dominante”, vai inflacionar o valor do Rt.

A nova variante vai ter um impacto cada vez mais forte à medida que o tempo passa porque vai ganhar uma preponderância sob todas as outras, é isso que se espera”, afirmou.

Apesar destes fatores arrecadarem “incerteza”, o especialista acredita que algumas medidas hoje anunciadas poderão “produzir algum efeito” e que o aumento das temperaturas mínimas possa ser “um fator a favor”.

Continue a ler esta notícia