Covid-19: Fenprof acusa Ministério de “alguma imprudência” na reabertura das escolas - TVI

Covid-19: Fenprof acusa Ministério de “alguma imprudência” na reabertura das escolas

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  • 18 mai 2020, 12:00

Alunos dos 11º e 12º anos regressaram esta segunda-feira às aulas presenciais

O secretário-geral da Fenprof acusou esta segunda-feira o Ministério da Educação de "alguma imprudência" na preparação da reabertura das escolas, considerando que devia ter sido feito um rastreio de Covid-19 aos alunos.

Aquilo que as escolas podiam fazer fizeram: higienização, preparação das salas, coordenação dos horários. Isto pode ser o momento de retomar a presença nas escolas, mas houve alguma imprudência do Ministério", afirmou o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, que falava aos jornalistas à entrada da Escola Secundária D. Dinis, em Coimbra.

Para o dirigente sindical, devia ter sido feita uma avaliação rigorosa "do primeiro momento de desconfinamento" antes da reabertura das escolas e deveria ter sido realizado um rastreio "que permitisse perceber o estado infeccioso ou não dos estudantes, até porque os jovens, em boa parte dos casos, são assintomáticos".

Neste momento, os professores terão que ter uma prudência acrescida e um rigor grande na exigência que todos os normativos de segurança sanitária possam ser respeitados", vincou, recordando que há muitos professores com mais de 60 anos, sendo a Escola D. Dinis, em Coimbra, um exemplo disso.

Segundo Mário Nogueira, "existe alguma insegurança" por parte dos professores, considerando que para se combater o medo "é necessário agir com prudência" e essa mesma prudência "devia ter sido assegurada antes, para as pessoas virem [para as escolas] com confiança".

Considerando que há também um papel social a ser desempenhado pelos professores nesta retoma, Mário Nogueira chamou a atenção que o retorno "não pode ser aventureirista".

Tem de haver prudência, rigor, respeito pelas condições de segurança e acautelar também aspetos de natureza pedagógica", realçou, apontando para diferenças na carga letiva, havendo alunos com metade da carga letiva, outros que continuam apenas com ensino à distância e outros sem qualquer resposta.

Mário Nogueira notou ainda que há alunos que "vão ter um professor novo para o mês e meio que antecede os exames".

Segundo o dirigente sindical, a Fenprof vai estar nas escolas para apoiar os professores que regressam, distribuindo também um manual de procedimentos, condições e exigências pelos docentes.

Regresso às aulas com "tranquilidade"

Alunos da Escola Secundária D. Dinis, em Coimbra, regressaram às aulas, dois meses depois do seu fecho devido ao surto, tranquilos em relação ao risco de infeção, mas com algum nervosismo por causa dos exames que se aproximam.

Estou tranquilo. A escola tomou as medidas necessárias e nós estamos seguros", contou à agência Lusa Renato Santos, aluno do 12.º ano, que se preparava para entrar naquela escola nos arredores de Coimbra, onde ia ter aulas de português e matemática.

Apesar de considerar que a experiência do ensino à distância não correu bem, o jovem de 17 anos está confiante em relação aos exames, por apenas ter que fazer o de matemática.

Acho que até vai ser mais fácil do que era suposto ser", acrescentou.

Já Sara Filipe, de 20 anos, acredita que a preparação para os exames "vai ser um pouco mais difícil", mas tem a expectativa de que, por causa da situação de pandemia, os próprios exames sejam "um pouco mais acessíveis".

Outra estudante, Beatriz Antunes, de 18 anos, foi ter aula de história e admitiu "muito receio" no regresso à escola, tendo chegado a "ponderar ficar em casa".

No entanto, contou que decidiu ir à aula, frequenta o 12.º ano, por causa do medo "de depois não conseguir estudar para o exame sozinha" e de prejudicar o seu futuro.

Porém, na aula de português que o professor Fernando Sá deu não se sentiu qualquer receio.

Não lhes senti grande ansiedade. A ansiedade havia quando esta nova maneira de ensino começou, mas os miúdos têm estado tranquilos - todos mascarados e distanciados, mas o bom ambiente que sempre existiu na turma mantém-se", notou o docente de 65 anos, que referiu que, dos seus alunos, estiveram todos presentes, com exceção de dois do ensino profissional que não compareceram.

David Marques, que se preparava para ter uma aula de história, admitiu alguma estranheza no regresso à escola.

Já estamos fora do ritmo e depois, com todas estas restrições, é algo que nunca sentimos nem experienciámos, mas vamos tentar que seja muito próximo da normalidade", disse.

Segundo o aluno de 19 anos, o ensino à distância foi "bom", salientando o "esforço extraordinário" dos professores que "foram sempre muito acessíveis".

Os receios, vincou, surgem mais quando se pensa nos exames.

Há muita gente que depende da nota do exame para o que quer seguir e para o futuro que quer ter e sente-se agora um pouco pressionado e pode pensar que não está suficientemente preparado para os exames nacionais. Mas eu acho que estamos bem preparados e vai tudo correr bem", salientou.

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