Covid-19: Governo pede “prudência” na leitura de dados que só registam 92 casos novos - TVI

Covid-19: Governo pede “prudência” na leitura de dados que só registam 92 casos novos

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  • Publicado por MM - atualizada às 17:00
  • 3 mai 2020, 15:53

Portugal registou nas últimas 24 horas um acréscimo de número de casos muito inferior ao dos últimos dias

A ministra da Saúde pediu “prudência” na leitura dos números deste domingo sobre a evolução da pandemia Covid-19 em Portugal, os quais apontam para um acréscimo de 92 novos casos, uma subida bastante inferior às registadas em dias anteriores.

Estes números devem ser lidos com prudência desde logo pelo conhecido efeito na notificação médica [que] tem a circunstância de ternos passado três dias com eventual menor atividade decorrente do facto de ser fim de semana e um dia feriado [referindo-se ao 1.º de Maio que se comemorou sexta-feira]”, disse Marta Temido.

Portugal regista hoje 1.043 mortos relacionadas com a Covid-19, mais 20 do que no que sábado, e 25.282 infetados (mais 92), segundo o boletim epidemiológico divulgado este domingo pela Direção Geral da Saúde (DGS).

A governante falava aos jornalistas na conferência de imprensa diária sobre a pandemia de Covid-19 que habitualmente decorre entre as 12:30 e as 13:00 horas, mas que hoje teve início com cerca de duas horas de atraso, cerca das 14:45.

Marta Temido justificou o atraso com “a necessidade de reverificar todos os números”.

Houve muito poucas notificações médicas de casos nas últimas 24 horas, o que nos obrigou a rever todas as notificações laboratoriais para verificar todos os casos”, explicou.

Com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, a ministra destacou que atualmente a taxa de letalidade em Portugal é de 4,1%, enquanto a taxa de letalidade em pessoas maiores de 70 anos é de 14,7%.

A ministra da Saúde falou, ainda, do despacho emitido no sábado pelo Ministério da Saúde, o qual, explicou, “determina o regresso gradual e progressivo à atividade de cuidados de saúde primários e hospitais, numa lógica de acompanhamento constante”.

Destacamos a maximização dos meios de telesaúde, a maximização dos meios para garantir que os utentes não permanecem nos serviços de saúde para além do tempo estritamente necessário e a maximização da realização de atividade assistencial quer nos domicílios ou local equiparado, mas também em ambiente de proximidade”, disse Marta Temido.

Taxa de ocupação de 49% nas 600 camas de cuidados intensivos

A ministra da Saúde disse ainda que Portugal tem uma resposta de cerca de 600 camas de cuidados intensivos polivalentes de adultos e que atualmente estão 295 ocupadas, numa taxa de ocupação de 49%.

Para aquilo que consideramos a resposta normal, a resposta regra, para cuidados intensivos de adultos, o que temos neste momento em termos de unidades de cuidados intensivos de adultos polivalente é uma resposta que ronda as 600 camas. (...) Essas respostas têm neste momento uma taxa de ocupação de 49%”, disse Marta Temido hoje em conferência de imprensa sobre a evolução da doença covid-19.

Segundo a governante, há assim metade da capacidade instalada que não está a ser utilizada, a qual não contabiliza ventiladores que já chegaram a Portugal e que ainda não estão instalados, acrescentou.

Proibição de visitas a lares será “repensada” depois de haver regras de segurança

O levantamento da proibição de visitas a lares de idosos devido à pandemia de Covid-19 está a ser “repensado”, mas antes serão criadas estratégias para que decorram com “segurança”, disse hoje a ministra da Saúde.

O contexto de inibição das visitas tem de ser repensado e está a ser repensado. Não podemos subtrair às pessoas que estão em estruturas residenciais para idosos, a visita dos seus próximos durante toda a epidemia. Mas temos de encontrar estratégias que permitam que tudo se faça em segurança”, disse a ministra da saúde.

A governante, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa diária sobre a evolução da pandemia em Portugal, respondia assim à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) que hoje defendeu que é preciso "apontar uma data" para a retoma das visitas, considerando que "hoje era já um dia bom", com a celebração do Dia da Mãe.

"Com testes feitos [da Covid-19], doentes a serem tratados como devem ser tratados, com equipamentos de proteção individual, com distanciamento assegurado, penso que o dia 03 de maio, dia de hoje, era já um dia bom para isso, não é possível, mas é o Dia da Mãe, era uma forma concreta de o podermos celebrar", afirmou à agência Lusa o presidente da CNIS, Lino Maia, reforçando que tal "não é possível", porque "não está decidido".

Marta Temido recordou que no contexto de lares “estão, de entre todos, alguns dos mais vulneráveis pela sua idade e pelas comorbilidades associadas” e referiu a institucionalização em residências seniores em Portugal, mas também em outros países.

Em Portugal, como em Espanha, como em Itália e como em França, este foi um contexto específico que motivou da parte das autoridades sanitárias e sociais preocupações específicas (…). Iremos nos próximos dias partilhar com todos [as novas regras e medidas]”, disse a ministra da Saúde.

Quanto aos testes realizados nos lares, a governante garantiu que “o processo tem evoluído muito bem” e revelou que “há um conjunto de regiões que já têm todos os profissionais testados”, recordando que estes profissionais são “provavelmente o maior veículo de contágio”.

Também sobre esta matéria, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, aproveitou para reiterar os apelos de que a realização de testes em lares seja acompanhada de outras medidas de prevenção de contágio.

A diretora-geral da saúde nunca desvalorizou a realização de testes em lares. Temos acompanhado a evolução destes testes em profissionais assintomáticos. Coisa diferente é dizer que fazer o teste é suficiente. O teste é uma fotografia num determinado momento e é preciso que feitos testes nos lares, depois haja outros cuidados”, disse Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde enumerou, por exemplo, a utilização pelos profissionais que trabalham nestas instituições de equipamentos de proteção individual e pediu às direções que garantam medidas como o distanciamento entre utentes e a higiene de superfícies e objetos, bem como regras para os próprios utentes como a etiqueta respiratória e higiene das mãos.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 243 mil mortos e infetou mais de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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