Covid-19: "Não estamos na situação que estávamos há 15 dias, estamos pior" - TVI

Covid-19: "Não estamos na situação que estávamos há 15 dias, estamos pior"

  • Sofia Santana
  • 19 jun 2020, 22:07

O professor e investigador de saúde pública internacional na Universidade Nova de Lisboa Tiago Correia diz que o país está numa "fase crítica" relativamente à evolução da pandemia de Covid-19, que "facilmente pode descontrolar"

O professor e investigador de saúde pública internacional na Universidade Nova de Lisboa Tiago Correia considera que estamos numa "fase crítica" relativamente à evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal. No Jornal das 8 da TVI, o especialista falou sobre os surtos localizados, nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, e admitiu que "não estamos na situação que estávamos há 15 dias". "Desse ponto de vista, estamos pior", vincou.

Tiago Correia sublinhou que, para já, os surtos de Covid-19 que se verificam no país estão localizados, mas a partir de um dado momento "pode já não ser possível antever como é que as cadeias de contágio vão funcionar".

Conseguimos perecber que são áreas metropolitanas, alguns bairros residenciais, alguns setores de atividade, algumas festas, ainda é possível delimitar os casos. O problema é que a um certo momento pode já não ser possível antever como é que as cadeias de contágio vão funcionar e tenho receio de que possamos estar a entrar nessa fase."

Por isso, o investigador afirmou que "não estamos na situação que estávamos há 15 dias, desse ponto de vista estamos pior" e que "toda a atenção tem de estar localizada nestes surtos".

Devemos estar alerta, não estamos na situação que estávamos há 15 dias ou há três semanas, desse ponto de vista estamos pior, mas não entrámos numa situação descontrolada de uma segunda vaga. Toda a atenção tem de estar neste momento localizada nestes surtos."

Tiago Correia frisou que "estamos numa fase crítica" que "facilmente pode descontrolar". "Não podemos facilitar", completou.

As pessoas se não forem conscientes agora, poderão ter de lidar com o medo daqui a umas semanas. As pessoas não conseguem comportar um novo confinamento, muito menos a economia."

"Portugal não pode ser penalizado por testar muito"

Questionado sobre as restrições impostas por alguns países à entrada de portugueses, o especialista disse que "do ponto de vista técnico", não vê "argumentos explícitos para isso".

Tiago Correia explicou que Portugal testa bastante e isso faz com que haja um aumento de casos logo à partida. Mas para o investigador essa devia ser a política seguida nos vários países, fazendo uma analogia com o "aluno que estuda para o teste e tem suficiente e o aluno que está a cabular e tira muito bom".

De facto, Portugal testa bastante e só esse facto faz com que haja um aumento de casos logo à partida. (...) Faz lembrar o aluno que estuda para o teste e tem suficiente e o aluno que está a cabular no teste e tira muito bom."

O especialista considera que "Portugal não pode ser penalizado" por "estar a testar muito" e deve fazer valer a defesa da política de testagem.

"Portugal pode assumir uma posição de fazer valer a defesa da testagem e criar um conjunto de critérios, um limite mínimo de testes por mil habitantes abaixo dos quais a população desses países pode não entrar. Portugal também pode jogar com critérios técnicos se considerar que a abertura de fronteiras pode trazer riscos acrescidos para a população residente em Portugal", concluiu.

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