Covid-19: quarentena não é obrigatória na Madeira para quem faz teste - TVI

Covid-19: quarentena não é obrigatória na Madeira para quem faz teste

  • .
  • AG
  • 18 mai 2020, 09:16
Madeira

Região tem em curso um processo de certificação do turismo

O secretário do Turismo da Madeira assegurou que a quarentena não é obrigatória nesta região desde que os passageiros efetuem o teste de Covid-19 fiável nas 72 horas anteriores à viagem.

Hoje a quarentena não é obrigatória na Madeira, ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam”, afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa.

O governante madeirense salientou, por outro lado, que a região tem “uma quarentena para as pessoas que não fizeram o teste nas últimas 72 horas”.

Quem vier para a Madeira e fizer o teste 72 horas antes não fica confinado num hotel, vai para o seu destino e faz o recato que tem de fazer”, acrescentou.

Por isso, “a obrigação de ficar num hotel já não é efetiva para toda a gente que desembarca na Madeira”, sublinhou o responsável insular.

Eduardo Jesus destacou que esta é uma prática que “começa a ser recorrente no mundo: quem viaja com teste feito nas últimas 72 horas, que seja um PCR [aquele que diz se está positivo ou negativo], não o serológico [que atesta se tem anticorpos], já dá uma garantia”.

Se houver contaminação no destino, a situação é controlada, sendo preciso efetuar o “rastreio da pessoa e acompanhá-la no território”.

Esta é uma nova realidade, não podemos de forma alguma ignorar que tem consequências e temos de saber lidar com elas”, vincou.

O elemento do executivo madeirense salientou que “a Madeira deu um passo muito importante quando retirou a quarentena entre as ilhas [Madeira e Porto Santo]”.

Passamos a ser o primeiro território nacional onde a circulação entre espaços físicos diferentes se dá sem qualquer controlo, porque não há contaminação ativa no Porto Santo, não há na Madeira, não há novos casos nos dois sítios há muitos dias. Há confiança e as a pessoas podem viajar sem serem controladas e sujeitas a quarentena”, argumentou.

Eduardo Jesus reforçou que, no caso de “haver mais um território com o qual se possa estabelecer esta lógica”, a Madeira está “pronta para abrir e lidar com as pessoas desta forma”.

No caso de “não existir o mesmo grau de confiança, colocam-se determinadas medidas”, nomeadamente o teste PCR efetuado nas últimas 72 horas, que “já é a forma de evitar a quarentena à chegada a Madeira”.

O secretário madeirense recordou que a 13 de maio a Comissão Europeia determinou que “a reabertura deve ser feita atendendo ao estado epidemiológico de cada região”.

Na opinião do responsável insular, a CE “quer pintar a Europa às cores, dá o verde a uma região como a Madeira”, atribuindo a mesma cor a estados como “a Bulgária, a Croácia, Grécia, Áustria, Finlândia, que são territórios que entre si têm “o grau de exigência é mais baixo, porque não há contaminação ativa, há medidas implementadas”.

A situação já é mais complicada entre regiões com situações diferentes, como a Inglaterra, que “tem uma contaminação ativa sempre a subir, centenas de mortes”, exigindo “medidas diferentes”.

É isso que a Europa desafia. Ao mesmo tempo coloca a exigência da não discriminação, o que é uma coisa um bocado impossível. Não se vai aplicar as mesmas medidas a um território que nos dá confiança e a um que não nos transmite essa confiança”, sublinhou.

Mercados emissores impedem reabertura

A Madeira está preparada para reabrir as portas ao turismo, a sua principal atividade económica, mas os mercados emissores tradicionais “ainda não estão prontos", declarou o secretário madeirense do setor.

A Madeira está pronta para arrancar já, mas os nossos mercados não estão prontos para arrancar já“, afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa, dando como exemplos a Inglaterra, a Espanha, a Alemanha , Itália ou mesmo Portugal continental, onde persiste a “contaminação ativa” e acontecem mortes todos os dias

O governante insular apontou que os mercados emissores considerados de “maior interesse ainda não estão no estado em que se encontra a região e por isso a Madeira está aqui num compasso de espera”.

Por isso, complementou que a Madeira está “preparada para abrir, tem a situação neste momento controlada e gostaria muito de dar um passo em frente, mas depende do estado de evolução dos mercados de origem”, os quais ainda “não permitem a mobilidade” e alguns estão em situação de quarentena declarada.

Também realçou que os responsáveis desses países estão a incentivar as pessoas a fazer férias no seu interior e “toda a gente quer o mercado interno para ajudar a resolver a crise.

Estamos fortemente empenhados para trabalhar com o mercado nacional”, vincou, enfatizando que já era uma aposta antes da pandemia e evidenciava um grande crescimento, tendo a Madeira sido considera “a região preferida de Portugal pela Associação Portuguesa dos Agentes de Viagem e Turismo (APAVT) para 2020”.

Eduardo Jesus acrescentou que este trabalho de captação do mercado nacional para a Madeira vai continuar, mencionando que “é familiar, do mesmo pais, gosta da Madeira, tem vindo a registar desempenhos diferentes, não só para férias pequenas, como maiores, como férias ligadas a eventos e fora do período de eventos, sendo um mercado que responde bem”.

Por isso, estamos a trabalhar fortemente a ver se este verão conseguimos captar essa preferência e trazer muitos portugueses de Portugal continental e até dos Açores à Madeira”, frisou.

Ainda referiu que “a operação de verão do Porto Santo é muito baseada no mercado nacional, quer do Norte, quer a partir de Lisboa”, referindo que “a evolução da situação epidemiológica portuguesa continental ditará sob que medidas essas operações se farão”, uma situação que a Madeira está acompanhar.

O responsável salientou que o setor mais uma vez tem de saber “reinventar-se” nas suas práticas, considerando que “junho é o mês da clarificação relativamente ao que se está a passar” e “para implementação, com a perspetiva de abrir em julho”.

Mas são desafios que se colocam e temos que saber lidar com eles, reinventado, encontrando soluções, saídas e fazendo que o turismo não perca o seu glamour”, sublinhou.

Entre as medidas que têm de ser alteradas, com base nas três premissas do manual das boas práticas, estão o distanciamento social, uso de equipamento de proteção e segurança sanitária, tendo o governante mencionado que foi envolvido o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, para orientar as caminhadas nos percursos pedestres e visitas aos miradouros.

Quanto ao conjunto de procedimentos nos hotéis, referiu as alterações e adaptações relacionadas com os serviços ‘buffets’, podendo ser utilizado o serviço de refeições nos quartos, as limpezas dos corrimões das escadas, o uso de elevadores, utilização de piscinas, devendo alguns serviços, nomeadamente os spa e saunas ficar encerrados.

Estas medidas preventivas também se aplicam às atividades de animação, como os passeios de catamarã, para visualização de cetáceos.

“É preciso paciência e este tempo” é utilizado para otimizar as medidas e os pensamentos sobre “relançamento da atividade turística e envolver todo o setor”, concluiu Eduardo Jesus.

 A Madeira é a primeira região de turismo que tem em curso um processo de certificação do destino conferido por uma multinacional reconhecida internacionalmente, apostando em transmitir confiança aos visitantes, disse o secretário responsável pelo setor do governo regional.

A Madeira continuava no domingo sem novos casos de Covid-19, mantendo há 11 dias as mesmas 90 situações reportadas, 59 das quais estão dadas como recuperadas e 31 ativas, e nenhum óbito, segundo a autoridade de saúde da região.

Continue a ler esta notícia