Covid-19: transferências de doentes entre hospitais ajudam a reduzir pressão - TVI

Covid-19: transferências de doentes entre hospitais ajudam a reduzir pressão

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  • 16 nov 2020, 16:35
Covid-19 no Hospital de Santa Maria em Lisboa

Segundo o dirigente da APAH, as unidades hospitalares têm transferido alguns doentes quando sentem maior pressão para unidades que têm menos pressão

As transferências de doentes entre hospitais aumentaram nos últimos dias como forma de reduzir a pressão sobre as unidades de saúde, atualmente com 80% de ocupação, afirmou esta segunda-feira a Associação Portuguesa dos administradores Hospitalares (APAH).

Atualmente existe um melhor funcionamento em rede dos hospitais e tem ajudado a diminuir a pressão hospitalar”, disse à agência Lusa o dirigente da APAH Eduardo Castela.

Um trabalho ao qual ajudou o despacho de 04 de novembro da ministra da Saúde, Marta Temido, que visa garantir a melhor coordenação e articulação de resposta às necessidades, equilibrando a assistência regional e inter-regional.

Um exemplo deste funcionamento em rede é o Hospital São José, em Lisboa, que anunciou no sábado que recebeu quatro doentes com a covid-19 da região Norte do país que necessitavam de ECMO, um dispositivo de circulação extracorporal essencial ao tratamento de doentes críticos, devido ao facto de o Hospital São João ter na altura apenas um equipamento disponível

O que nós assistimos ao longo desta última semana foi um aumento do número de mortos, um aumento de internados e um aumento do número de casos médios e isso teve um reflexo na pressão hospitalar”, adiantou Eduardo Castela.

Esses internamentos traduziram-se em 513 doentes em cuidados intensivos e pelas previsões da APAH “o pior cenário será no final desta semana” com 605 doentes covid-19 internados em cuidados intensivos e perto de 4.500 em enfermaria.

Se o país chegar a estes números, “sabemos que existirá um eventual cancelamento da atividade programada até por via da realocação de recursos para a área covid-19”, admitiu.

Eduardo Castela lembrou que está a haver programas de expansão de camas de cuidados intensivos que podem chegar perto das 900, com transformações que alguns hospitais estão a fazer.

A preocupação da APAH é que devido à pressão hospitalar possa vir a existir “o cancelamento da atividade programada” com prejuízo de tratamento dos doentes não-covid-19.

Temos vindo a alertar para o planeamento desde o início da pandemia, em março, para uma antecipação e uma preparação atempada para se traduzir numa adequação de meios, particularmente a recursos humanos”, defendeu.

O responsável observou que a questão do número de profissionais é que permite garantir o tratamento aos doentes covid e não covid, mas também assegurar as questões que tenham de ser desenvolvidas para fazer a essa escassez de recursos humanos.

Também é necessário assegurar o esforço que tem sido feito para a contratação do setor social, que em termos de retaguarda também permitirá um alívio da pressão hospitalar, defendeu.

A contratação e a formação das pessoas para responder a esta pressão é fundamental para levarmos a cabo este combate à pandemia de covid-19 e aliviar a pressão hospitalar”, sustentou.

Os hospitais têm planos de contingência, mas seria também importante olharmos para os doentes não-covid-19 para tentarmos garantir a continuidade dos tratamentos a esses doentes”, reiterou Eduardo Castela.

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