Morgues improvisadas e enfermarias lotadas. O retrato dos hospitais que tratam a covid-19 - TVI

Morgues improvisadas e enfermarias lotadas. O retrato dos hospitais que tratam a covid-19

Situação é delicada em quase todo o país e hospitais temem os efeitos do Natal

Um pouco por todo o país são vários os hospitais que começam a atingir situações de rutura nas unidades de tratamento de covid-19. Várias unidades temem os efeitos da época festiva, nomeadamente dos ajuntamentos familiares que ocorreram no Natal, e que se espera que façam disparar o número de casos.

É o caso do Hospital de Évora, que teve de improvisar uma morte para receber os doentes que faleceram com o novo coronavírus. A casa mortuária está sem espaço, e foi colocado um contentor à porta do edifício para receber os corpos que não têm espaço no interior.

Nas unidades de tratamento a situação é semelhante. As quatro enfermarias e a unidade de cuidados intensivos também não têm vagas para receber mais pacientes.

Presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo, José Robalo, admite que esta é uma preocupação, afirmando que todos os dias é feita uma gestão com as equipas de emergência para que se possa dar um destino aos doentes que chegam.

Mais a norte o cenário é semelhante. Em Coimbra, todas as 161 camas destinadas a doentes covid-19 estão ocupadas. O Centro Hospitalar Universitário pretende aumentar a capacidade de internamento, mas para já não tem espaço para receber mais doentes.

No Hospital de São João, no Porto, uma situação semelhante não está muito longe. A capacidade de internamento está nos 80%, e o coordenador da unidade de cuidados intensivos para doentes covid-19 daquela unidade admite um impacto muito significativo de um eventual aumento dos casos diários nas próximas semanas.

Nélson Pereira revela que estão ocupadas 101 camas, das quais 46 são de doentes considerados críticos.

Não muito longe, em Penafiel, a pressão é sentida desde o final de 2020, tendo vindo a abrandar desde então. Chegaram a ser 200 os doentes internados, na mesma enfermaria onde agora estão "apenas" 70 pacientes.

O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Carlos Alberto Silva, admite o receio das próximas semanas.

Eu diria que esta semana e a próxima são muito importantes para o acompanhamento porque, se tivermos um recrudescimento dos casos novamente teremos de voltar ao combate àquela pressão que tivemos, espero eu que não seja da mesma dimensão", disse.

No Centro Hospitalar Lisboa Ocidental a rutura também está próxima, enquanto no Santa Maria as urgências estão perto do máximo. Do total de 160 camas em cuidados intensivos há 140 que estão ocupadas.

Em Portugal Continental o Algarve é a única região sem casos considerados graves. A capacidade das enfermarias não excede os 65%, enquanto que nos cuidados intensivos ronda os 53%.

A nossa capacidade de resposta tem-nos permitido neste momento, inclusivamente, responder a unidades hospitalares fora da região. Já recebemos doentes de Lisboa e também do Alentejo", explica Ana Castro, do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

Ao todo, e segundo o boletim divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, estão internadas 3.171 pessoas, mais 127 do que no domingo, das quais 510 em cuidados intensivos, ou seja, mais 10.

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