O que terá pensado a mulher suspeita de matar a filha após o parto - TVI

O que terá pensado a mulher suspeita de matar a filha após o parto

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  • 11 abr 2018, 15:54

Psicóloga Sílvia Botelho explica, no programa SOS24, que casos como o da jovem de 25 anos, em Corroios, são difíceis de prevenir porque normalmente não há sintomas aparentes de depressão, intenção suicida, psicose ou delírio e sublinha que é necessário compreender como foi o esquema de pensamento da suspeita

Teria sido muito difícil evitar que a jovem de 25 anos, suspeita de matar a filha logo após o parto em casa, em Corroios, cometesse o crime. A opinião é da psicóloga Sílvia Botelho. A especialista explicou, em entrevista no programa SOS24, que casos como este são difíceis de prevenir porque quem comete o crime de neonaticídio não apresenta sintomas aparentes de perturbação psicótica que possam servir de alerta a quem está por perto.

É muito difícil detetar uma mulher destas porque normalmente não apresenta sinais de depressão, nem de intenção suicida, nem de um quadro psicótico, nem de delírio”, afirmou.

A psicóloga sublinhou, ainda assim, que há um indício que pode ajudar a detetar um comportamento potencialmente perigoso.

Normalmente ocultam a gravidez. O que os estudos nos dizem é que as mães que cometem um crime [de neonaticídio] nas primeiras horas, tendencialmente tendem a esconder a gravidez ou a ocultar ou simplesmente estão em negação, portanto, não querem”.

Sílvia Botelho realçou que é necessário compreender como foi o esquema de pensamento da jovem acusada de matar a filha recém-nascida.

Ao estarem em negação com a gravidez, é normal que muitas vezes as pessoas pensem: ‘Era bom que este filho não existisse’. (…) Isso será sempre a primeira fase. Agora se esta mãe passou para a segunda fase, ou seja: ‘Eu posso fazer desaparecer o meu filho e assim acabo por não ter sequer problemas’ (…) e se passar depois para a fase três: que é a concretização deste pensamento, sem haver qualquer tipo de filtro, ou seja: ‘Eu vivo na sociedade, tenho deveres morais e cívicos (…)’. Se não tiver este filtro, acaba por poder cometer este crime”.

Para a psicóloga, todas as informações até agora apuradas remetem para que a jovem suspeita do crime em Corroios se enquadre naquele perfil “de algo que seja mais premeditado”, o que a torna imputável em tribunal. Isto depois de se verificar que não houve uma crise psicótica.

A especialista chamou a atenção para a necessidade óbvia de se fazerem as perícias e as avaliações psicológicas específicas, nomeadamente uma avaliação da personalidade da mulher em causa, saber o grau de inteligência que tem, o nível de impulsividade que aparenta e também ter em conta o enquadramento social e familiar.

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