Ferreira Torres absolvido de todos os crimes - TVI

Ferreira Torres absolvido de todos os crimes

Tribunal admite que em alguns casos, ficou «com dúvidas»

Relacionados
Avelino Ferreira Torres, o ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses foi esta quinta-feira absolvido dos seis crimes de que era acusado: corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão. O próprio procurador do Ministério Público tinha pedido nas alegações finais a condenação por apenas quatro crimes (um dos que foi retirado teria já prescrito), mas o colectivo de juízes considerou que nenhum dos crimes resultou provado.

No final da leitura da sentença, a juíza explicou ao arguido que, no que diz respeito a alguns dos crimes, o tribunal ficou «com algumas dúvidas», mas afirmou que, «mais vale absolver um culpado do que condenar um inocente».

A juíza adiantou que «a decisão fundamenta-se na prova produzida no tribiunal e não no que se diz lá fora, nos jornais e mesmo em sede de inquérito», afirmou, referindo-se em parte, às mudanças de versões de algumas testemunhas.

O tribunal não considerou também muito credível o testemunho de José Faria, que o MP considerava ser o «testa de ferro» de Ferreira Torres nos negócios imobiliários que motivaram algumas das acusações. «A perícia psiquiátrica mostrou apenas que ele estava apto para testemunhar, não significa que o que ele disse seja verdade», adiantou.

Perseguido pelos media, pelo MP e por José Faria

No final da sessão, satisfeito com o resultado, Avelino Ferreira Torres falou os jornalistas a que acusou de serem os responsáveis pelas acusações de que foi alvo. «Eu ando a ser condenado pelos órgãos de comunicação social há 20 anos. Sejam sérios de uma vez por todas. Ou hoje pelo menos», disse, visivelmente alterado, acusando depois os jornalistas de serem «enganados por vigaristas que dão cabritos a toda a gente».

Afirmando que «agora» começa a acreditar na «justiça dos Homens», Ferreira Torres disse que entrou no tribunal «com a cabeça erguida e a certeza de não ter prejudicado ninguém». «Se fossemos a somar tudo, tenho a certeza que dei a este concelho milhares de contos».

Falou depois sobre José Faria, a testemunha-chave da acusação, chamando-o de «facínora» e dizendo que as dívidas que tem chegarão aos «três milhões de euros». Mas acabou por dizer que já «perdoou» aquele que terá sido o seu homem de confiança.

Disse ainda ter sido perseguido por Remízio Melhorado, o procurador do Ministério Público. «Ele quis-me enterrar», afirmou, adiantando que, durante as alegações finais, «ele não estava a falar para a juíza, estava virado para os jornalistas como se estivesse num comício». E por falar em comícios, foi adiantando que, já «avisou o povo». «Agora que as eleições se aproximam, vão surgir novas acusações», disse, adiantando que, uma delas, referente a Amarante, já está no Tribunal de Penafiel, nas mãos do mesmo procurador.

Já no exterior do tribunal, aplaudido por algumas dezenas de marcoenses que gritavam vitória e em frente a um cartaz da sua campanha para as próximas eleições autárquicas, Ferreira Torres mostrou já postura de candidato e afirmou que «a vitória será em Outubro. Aí, o Marco vai voltar a trabalhar, porque esteve quatro anos parado».

Avelino Ferreira Torres, que foi autarca no Marco de Canaveses durante 23 anos, foi já condenado por crimes cometidos nessa qualidade.
Continue a ler esta notícia

Relacionados