Isaltino: «Sempre gostei de ter dinheiro no bolso» - TVI

Isaltino: «Sempre gostei de ter dinheiro no bolso»

Promotor mostrou «perplexidade» sobre «apetência para numerários» do autarca

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O autarca Isaltino Morais desvalorizou esta sexta-feira, durante a prestação de esclarecimentos ao Ministério Público, o facto de costumar ter elevadas quantias em numerário consigo ou em sua casa, o que o procurador admitiu causar-lhe «grande perplexidade», noticia a Lusa.

«Sempre gostei de ter dinheiro no bolso», disse o arguido durante a terceira audiência do julgamento do chamado «Caso Isaltino», durante a qual voltou a negar o carácter ilícito de vários negócios e qualquer actividade contrária à sua actividade no executivo de Oeiras.

O responsável referia-se a casos levantados pelo procurador Luís Eloy, como as entregas de dinheiro em numerário para compra de um automóvel Audi (35 mil euros) ou para adquirir uma casa no concelho, pela qual Isaltino admitiu ter feito um pagamento de 11.500 contos (57.500 euros) ao vendedor, não contemplado na escritura.

«O vendedor exigiu receber dinheiro por fora, porque era assim que se fazia», justificou, acrescentando depois: «Ter dinheiro em casa não é crime, ter dinheiro em numerário não é crime».

«Gosta de confessar crimes prescritos»

«Esta apetência para o numerário com numerário é que me faz algum espécie», disse Luís Eloy, segundo o qual Isaltino «gosta de confessar crimes prescritos».

Em relação à fuga ao fisco cometida na compra da casa, o procurador referiu durante a sessão que o crime - incluído no crime de fraude fiscal de que o autarca é acusado - já deverá ter prescrito, uma situação que nem o arguido nem o advogado esclareceram aos jornalistas.

Durante a sessão, o autarca de Oeiras disse não entender a estranheza do Ministério Público sobre o facto de a sua ex-sogra, que lhe pagou obras numa moradia, guardar dinheiro em frigideiras, mesmo quando o procurador invocou a idade da familiar, na altura com mais de 60 anos. «Sessenta tenho eu, quase, e estou aqui para as curvas», disse Isaltino.

Questionado por Luís Eloy sobre a possibilidade de achar que o processo foi movido com algum intuito não explícito, o presidente da Câmara de Oeiras afirmou que não defende uma «tese da cabala», mas disse acreditar que há pessoas no Ministério Público que têm algo contra» si.

«Fui ouvido uma única vez, sem advogado. Não vejo cabalas, mas posso ver incompetência», sublinhou.

Isaltino Morais continuará a ser interrogado pelo Ministério Público na segunda-feira, dia em que poderão também começar a ser ouvidas algumas das testemunhas do processo.
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