Corticeira coloca trabalhadora a carregar sacos de 20 quilos, sem poder usar a casa de banho - TVI

Corticeira coloca trabalhadora a carregar sacos de 20 quilos, sem poder usar a casa de banho

  • Sofia Santana
  • 14 set 2018, 12:31

Caso acontece numa corticeira de Santa Maria da Feira. Trabalhadora foi despedida ilegalmente e depois novamente integrada na empresa por ordem judicial. Desde então, foi colocada a carregar e a descarregar sacos de 20 quilos, mesmo quando as temperaturas chegaram aos 40 graus

Uma trabalhadora de uma corticeira de Santa Maria da Feira, despedida ilegalmente e depois novamente integrada na empresa por ordem judicial, foi colocada a carregar e a descarregar sacos de 20 quilos, mesmo quando as temperaturas chegaram aos 40 graus. A mulher foi também sujeita a condições de trabalho diferentes das que têm os restantes funcionários da empresa, não podendo, por exemplo, usar a principal casa de banho.

O caso, que se passa na empresa Fernando Couto - Cortiças S.A, em Santa Maria da Feira, foi denunciado pelo Sindicato dos Operários Corticeiro do Norte e descrito como um "inferno". 

Em janeiro do ano passado, a mulher foi despedida da empresa, onde trabalhava desde 2009 com a categoria profissional de alimentadora-recebedora de cortiça. Mas o Tribunal da Relação do Porto considerou o seu despedimento ilegal e, numa decisão que data de abril deste ano, obrigou a corticeira a reintegrar a funcionária.

A trabalhadora, que tem tendinites, é portadora de hérnia discal e sofre de lombalgias intensas, regressou à entidade patronal em maio, mas foi-lhe dada como função uma atividade diferente: carregar e descarregar os mesmos sacos de 15 e 20 quilos, muitas vezes sob calor intenso, contra as recomendações médicas apresentadas.

Além disso, não lhe foram dadas as mesmas condições que têm os outros funcionários, que, de resto, foram "convidados" a não falar com ela. A mulher foi proibida de ter acesso às casas de banho, tendo-lhe sido "atribuída" uma casa de banho exclusiva, sem o mínimo de privacidade (a trabalhadora levou um pano preto para ocultar a visualização para o interior), o uso do papel higiénico é-lhe controlado e foi-lhe proibido o acesso ao parque de estacionamento.

O Sindicato dos Operários Corticeiro do Norte diz que que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) de São João da Madeira já efetuou duas visitas inspetivas à corticeira, tendo elaborado um Auto de Notícia por assédio moral, mas que nada mudou.

Na denúncia, o sindicato sublinha que "a entidade patronal quer, assim, 'vencer pelo cansaço' a trabalhadora, o que não conseguiu pelos tribunais".

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