Há doze dias consecutivos que Portugal regista mais de 100 óbitos diários devido à pandemia de covid-19. No dia 7 de janeiro, registaram-se 95 mortes.
Apesar do confinamento geral imposto, menos de duas semanas depois o país ultrapassou a barreira das 200 vítimas mortais em 24 horas, mais 218 pessoas perderam a vítima por culpa do SARS-CoV-2.
Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, garante que a situação nos hospitais portugueses é pior do que os portugueses imaginam.
A bastonária expôs que no Hospital dos Covões, em Coimbra, existem apenas duas funcionárias de limpeza para oito enfermarias. Em média, quando um doente morre, até se retirar o corpo e proceder à higienização do espaço perdem-se quatro horas.
Ana Rita Cavaco reitera que as escolas, neste momento, representam um possível foco de contágio e que o ensino presencial deveria ser suspenso.
As escolas deviam estar fechadas ontem”, reitera.
O médico intensivista, da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, João João Mendes explica que a taxa de mortalidade desta “segunda ou terceira vaga” é muito superior ao que aconteceu em março, com estatísticas a variar entre os 30% e 35%.
O médico revela ainda que os doentes covid que chegam às unidades de cuidado intensivo já estão num estado muito grave e apenas há três saídas: totalmente curados, parcialmente curados ou mortos.
Neste momento a mortalidade é contínua”, disse.
Para o secretário-geral da Fenprof não há dúvidas, é inevitável fechar as escolas e interromper o ensino presencial.
Mário Nogueira revelou na TVI24 que só no primeiro período foram identificadas 1.077 escolas com surtos de covid-19 e realçou que é notório que as escolas são um veículo de propagação do SARS-CoV-2. Para a Fenprof é imperativo o fecho das escolas em prol da saúde pública.
As perdas educativas são possíveis de reverter. As mortes são impossíveis. O Governo e o Ministério da Educação não estão a colaborar com o apelo da Ministra da Saúde”, reitera.