Especialistas portugueses sem dúvidas: Natal pode ser o início da terceira vaga da pandemia - TVI

Especialistas portugueses sem dúvidas: Natal pode ser o início da terceira vaga da pandemia

Ricardo Mexia, Pedro Simas, Bernardo Gomes, Tiago Correia, Diogo Martins, Paulo Paixão e Vasco Ricoca Peixoto foram convidados da TVI24 num debate especial sobre os riscos elevados que a época natalícia representa

Portugal bateu, este domingo, o recorde de mortes diárias por covid-19. Em 24 horas, morreram 98 pessoas.

A 12 dias do Natal, a TVI24 reuniu os mais conhecidos especialistas em saúde pública portugueses com o objetivo de entender se a comunidade cientifica concorda com o relaxamento das medidas de contenção da pandemia no período natalício.

Aquando da renovação do estado de emergência, tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa anunciaram que gostariam de ver as restrições aligeiradas no Natal.

Mas as opiniões são unânimes: relaxar no Natal pode ser o início da terceira vaga da pandemia.

Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular, considera que os números pandémicos que se têm vindo a registar em Portugal impossibilitam um relaxamento das medidas de contenção.

O especialista alerta mesmo que, sem restrições, o país corre um sério risco de enfrentar uma terceira vaga pandémica.

Com o Natal e Ano Novo temo que vá haver uma terceira vaga”, alerta Pedro Simas.

 

A comunidade cientifica não esconde a preocupação com o aligeirar das medidas restritivas durante a época natalícia.

O médico de saúde pública Bernardo Gomes acredita que as medidas de contenção devem ser mantidas e garante que não será uma decisão fácil para o Governo e Presidência da República proibir os portugueses de se reunirem no Natal.

Castrar o Natal não será uma decisão fácil. [...] Ainda há um caminho a percorrer no domínio da comunicação assertiva”, disse Bernardo Gomes.

 

Tiago Correia, professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, considera que o aumento do número de casos de covid-19 após o Dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos da América, foi apenas um pequeno exemplo do que poderá ocorrer no planeta inteiro depois da época natalícia.

O especialista considera que é alto o preço que Portugal pode vir a pagar caso exista um relaxamento excessivo das restrições no Natal.

Sabemos pelo dia de Ação de Graças no EUA, que as reuniões familiares fazem aumentar o número de novos casos. [...] Se o Rt estiver acima de um é muito arriscado manter as medidas anunciadas. [...] O risco pode ser mesmo alto se aligeirarmos no Natal”, perspetiva Tiago Correia.

 

Já o médico de saúde pública Vasco Ricoca Peixoto, falando sobre a mortalidade, esclarece que estes números eram inevitáveis, uma vez que refletem o pico de contágios que se verificou em novembro.

No entanto, Ricoca Peixoto acrescenta que as mortes também espelham uma ineficácia nacional em proteger a população de maior risco.

Não estamos a conseguir proteger as populações de maior risco”, frisou.

 

Outro tema em análise foi a vacinação no Reino Unido contra a covid-19.

Após dois profissionais de saúde terem tido uma reação anafilática ao fármaco, as autoridades britânicas decidiram excluir os alérgicos graves da toma da vacina da Pfizer e BioNTech.

O médico de saúde pública Diogo Martins, que reside em Londres, entende esta decisão, mas lembra que todos os medicamentos podem provocar reações alérgicas.

Qualquer medicamento tem potencial de provocar reações alérgicas”, lembrou.

Ainda sobre a elevada mortalidade, Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, considera que os números estão a impressionar até a comunidade cientifica, mas é algo que era esperado e inevitável.

Estamos numa situação pior do que em todos os meses antes de novembro. [...] A questão da mortalidade é impressionante, mas não é inesperada. [...] A vacina pode ser uma saída do problema, mas ainda está longe”, explica Ricardo Mexia.

 

Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular, reitera que as entidades políticas não deveriam relaxar as restrições quer no Natal quer no Ano Novo.

O epidemiologista acredita que está em causa o início de uma terceira vaga pandémica.

A minha intuição seria não aliviar”, confessa Pedro Simas.

 

Portugal, à semelhança da Alemanha, não tem tido uma descida do número de casos de infeção por SARS-CoV-2 linear, depois de ter atingido o pico da segunda vaga.

Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, considera perigoso o aligeirar das medidas de contenção e alerta que um Natal sem restrições será uma oportunidade para o novo coronavírus se propagar descontroladamente.

O Natal vai ser uma oportunidade para o vírus”, afirmou Paulo Paixão.

 

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