Fecho das escolas: “São 15 dias? Dificilmente serão 15 dias” - TVI

Fecho das escolas: “São 15 dias? Dificilmente serão 15 dias”

Henrique Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública, Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, e Nuno Crato, antigo ministro da educação, analisaram a situação pandémica em Portugal e os impactos socioeconómicos do fecho das escolas, num debate na TVI24

A situação pandémica em Portugal voltou a agravar-se, esta quinta-feira. Morreram mais 221 pessoas, nas últimas 24 horas, e foram detetados 13.544 novos contágios. Desde segunda-feira, o país registou 825 mortos. Os números já marcam um dos capítulos mais negros da história de Portugal.

Perante o cenário dantesco, o Governo reagiu, decretando o encerramento das escolas a partir de sexta-feira. As medidas restritivas do confinamento geral voltarão a ser revistas no prazo de 15 dias.

Henrique Barros, um dos especialistas que desaconselhou o fecho das escolas na última reunião do Infarmed, prevê que na altura da reavaliação das restrições em vigor o país vá estar numa situação pandémica idêntica à atual.

No entanto, o presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública admite que se venha a verificar um aumento do número de contágios e de mortes diárias durante na próxima semana.

Infelizmente lamento, mas daqui a 15 dias vamos estar de uma forma muito parecida com a que estamos. Daqui a uma semana vamos ter uma média de 270 mortes”, prevê Henrique Barros.

 

O médico Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, esclarece que a situação de catástrofe que Portugal atravessa não está ligada nem é reflexo do surgimento da nova estirpe do SARS-CoV-2, originária no Reino Unido.

O especialista volta a reiterar que este é o resultado do aligeirar das medidas restritivas no período do Natal e lembra que não foi um nem dois especialista que alertaram para os riscos.

Aquilo que está a acontecer agora não teve nada a ver com a estória da variante inglesa. Foi por causa da situação do Natal. Faço lembrar que a maior parte dos meus colegas, incluído eu, alertámos para a situação. Parte dos portugueses não se portou bem no Natal", aponta Paulo Paixão.

 

Apesar de ter sido contra na última reunião do Infarmed, Henrique Barros entende o fecho das escolas, mas realça que os estudantes "não são responsáveis" pela situação caótica que o país atravessa.

O especialista garante que, à escala nacional, "o número de surtos nas escolas é, ridiculamente, pequeno" e avisa que nos próximos dias poderá haver um novo aumento dos contágios, uma vez que o ambiente doméstico fomenta os contactos.

Não é verdade que sejam as idades dos 13 aos 17 anos ou dos 15 aos 24 anos com maior incidência ou crescimento da infeção. A verdade é que são as idades dos 25 aos 30 anos, dos 30 aos 35 anos e, a seguir a estes dois grupos etários, a faixa das pessoas com mais de 80 anos. A partir do Natal o grupo acima dos 80 anos foi aquele que aumentou mais cedo e rapidamente o número de casos. Não é nas escolas que está a haver infeção. O número de surtos nas escolas é, ridiculamente, pequeno", explica Henrique Barros

 

Nuno Crato, ex-ministro da educação, considera que é muito pouco provável que as escolas reabram num período de 15 dias.

O antigo politico lembra que a suspensão temporária do ensino tem efeitos muito graves na aprendizagem dos alunos.

Nuno Crato explica ainda que a educação está correlacionada com a riqueza futura de um país e que só há uma método para resistir a paragens abruptas: aumentar a qualidade do ensino.

Há custos do encerramento das escolas muito graves. Mesmo em países com férias de cinco semanas, há uma perda, que pode ir até metade de um ano letivo. Isto é um valor muito grande. Tem efeitos não só sobre a educação dos jovens como a economia em geral. O diferencial de formação arrasta a riqueza de uma nação. Só há uma maneira de resistir a esta perda de conhecimento e económica que é aumentar a qualidade da educação", esclarece Nuno Crato.

 

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