O projeto “Vizinhos à janela”, uma iniciativa de bairro de combate ao isolamento e solidão durante o confinamento devido à pandemia de covid-19, recebeu hoje o prémio “Solidariedade Civil” do Comité Económico e Social Europeu (CESE).
Em comunicado, o Comité adianta que atribuiu o Prémio CESE para a Solidariedade Civil ao “Vizinhos à janela”, na categoria “ofertas culturais”, destacando que o “projeto constituiu um exemplo brilhante de notável responsabilidade cívica e solidariedade durante a crise da covid-19”.
O CESE, órgão consultivo que representa a sociedade civil europeia ao nível da União Europeia, selecionou o "Vizinhos à janela" como o melhor candidato português ao Prémio, “pela força agregadora da sua música, ajudou a transformar um simples bairro numa verdadeira comunidade de entreajuda”.
O "Vizinhos à janela" foi anunciado como um dos 23 laureados numa cerimónia de entrega virtual de prémios realizada hoje pelo CESE. Cada vencedor recebeu um prémio no valor de 10 mil euros.
O projeto recebeu o prémio na categoria de "ofertas culturais, uma categoria que agrupou projetos “que desempenharam um papel fundamental na atenuação dos efeitos da pandemia, de várias formas criativas e originais”.
No ano passado durante o primeiro confinamento, um grupo de vizinhos juntou-se para aliviar a solidão da vida em casa.
Duas vezes por dia, às 14:00 e às 20:00, os residentes da Rua Belo Horizonte "Jardim dos Arcos", em Oeiras, no distrito de Lisboa, tocaram música das suas varandas e janelas durante 10 minutos, até ao final de julho de 2020. Quatro outras ruas próximas juntaram-se também à iniciativa.
Estas breves explosões de cultura e ligação trouxeram algum alívio e regularidade a rotinas perturbadas, e proporcionaram força e alegria às pessoas que viviam no bairro”, refere o CESE.
Médicos, enfermeiros, polícias e cantoneiros visitaram a rua e receberam uma homenagem musical em reconhecimento do seu trabalho, tendo a Câmara Municipal de Oeiras contactado depois os residentes convidando-os a aproveitar o espírito de solidariedade para recolher alimentos para os mais necessitados.
Cada prédio na rua nomeou alguém para recolher provisões dos vizinhos, que depois foram entregues a várias associações que trabalham com grupos vulneráveis. As empresas locais, mercearias e restaurantes também contribuíram com mantimentos.
Em média, foram doados 700 artigos por semana, e vários residentes iniciaram atividades de voluntariado, com caráter permanente, junta dessas associações. Neste momento, a ajuda alimentar já atingiu as seis toneladas”, destaca o CESE.
"Damos tão pouco e recebemos tanto… Esta enorme valorização dá-nos muita mais força para continuar na luta e na ajuda aos mais carenciados, e dar um verdadeiro sentido à frase: "Ajude a ajudar", disse o coordenador do projeto Íñigo Hurtado, um catalão a viver em Portugal há mais de 30 anos, citado na nota.
Na entrega dos prémios, o vice-presidente do CESE responsável pela Comunicação, Cillian Lohan, disse que “todos os projetos recebidos são a prova do empenho altruísta dos cidadãos e do nível local, o que comprova que o contributo da sociedade civil nesta luta é enorme”
Os prémios foram atribuídos às candidaturas vencedoras de 21 países da União Europeia.