Segunda Vaga: "Há sinais de exaustão. Estamos a trabalhar em condições difíceis nos cuidados intensivos" - TVI

Segunda Vaga: "Há sinais de exaustão. Estamos a trabalhar em condições difíceis nos cuidados intensivos"

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 2 dez 2020, 12:23

Esta quarta-feira, no Segunda Vaga, a jornalista da TVI Beatriz Jalón deu o seu testemunho, depois de ter estado infetada com a covid-19, e analisaram-se as técnicas para lidar com o aumento de casos em cuidados intensivos

Esta quarta-feira, no programa Segunda Vaga, foi feito um ponto de situação dos serviços de cuidados intensivos, uma das áreas mais sensíveis da pandemia, com o médico intensivista Tomás Lamas.

O especialista revelou que existe uma “estabilização” do número de novas entradas nas unidades de UCI.

São boas notícias. Permite-nos continuar a gerir o doente crítico e conseguir dar resposta, tanto aos doentes covid como aos doentes não covid”, explicou o médico do hospital Egas Moniz. “É importante ver esta estabilização, pois vai retirar pressão sobre os hospitais”.

Apesar de uma aparente melhoria nos números divulgados pela DGS na terça-feira, que revelaram que há menos quatro pessoas nos cuidados intensivos, o especialista recorda que este número é “um saldo” e que, por isso, não significa que não tenham entrado pessoas nos cuidados intensivos. Ainda assim, Tomás Lamas considera que “o número de ontem é muito animador”.

Questionado sobre a situação nos cuidados intensivos onde opera, o médico intensivista deu conta de que existe um espírito de resiliência, mas que os médicos já mostram muitos “sinais de exaustão”, fruto das condições especiais em que trabalham.

“Não houve nenhum caso assumido dentro da unidade, foi tudo em contexto pessoal”, contou.

O médico falou ainda sobre as várias técnicas aplicadas para salvar vidas nos cuidados intensivos, desde "uma limpeza de sangue", a diálise pulmonar, como a manobra utilizada pelos profissionais de saúde para virar o doente em segurança.

Esta quarta-feira, no espaço “Tive Covid-19”, a convidada foi a jornalista da TVI Beatriz Jalón. A jornalista contou como foi a sua experiência com a doença e revelou como foi surpreendida com a rapidez com que o vírus se propagou na sua família.

Somos uma família de cinco. Uma das crianças testou positivo e nós, no dia seguinte, fomos todos fazer o teste. Apenas um de nós testou negativo”, contou a jornalista. "A minha família é a prova de que a covid-19 se propaga com facilidade"

Beatriz Jalón revelou que tanto ela como o marido tiveram apenas sintomas ligeiros, como perda de paladar e ligeiras dores de cabeça.

No meu caso não foi nada parecido a uma gripe. Não são os mesmos sintomas”, explicou. “Tenho uma palavra para o Serviço Nacional de Saúde que foi exemplar. Ligaram-nos várias vezes para saber a cadeia de contágio e acompanharam-nos para avaliar os sintomas que tínhamos. Foram formidáveis.”

Na “Hora da Verdade”, uma parceria entre a TVI e o jornal Observador que visa escrutinar a veracidade de algumas teorias ou notícias que circulam entre os portugueses, analisámos uma publicação amplamente partilhada de um médico que alega que a covid-19 serve para reduzir a população mundial.

O jornalista Pedro Raínho analisou o vídeo de seis minutos de um médico italiano em que o médico afirma que 90% das pessoas testadas dão positivo, algo que em Portugal, por exemplo, nunca chegou a ultrapassar os 20%.

Sobre a possibilidade de o vírus servir para exterminar a população mundial, o jornalista sublinhou que nos países onde a taxa de mortalidade é mais elevada, o vírus nunca ultrapassou a taxa de mortalidade de 9,5%. Em Portugal, neste momento, essa taxa situa-se nos 1,5%. Por isso, na escala da Hora da Verdade, esta informação está errada.

Sobre o Reino Unido ter aprovado o uso da vacina da Pfizer, Vasco Ricoca Peixoto, médico de Saúde Pública, considera que o governo britânico tem acesso a dados mais refinados e que ainda não serão públicos, algo que considera ser responsável por esta tomada de decisão.

Se tudo correr bem, a vacina vai acelerar a nossa recuperação, em termos de saúde, em termos sociais e em termos económicos”, considerou. “Os esforços foram maximizados e o benefício que temos a ganhar dessa velocidade é muito maior do que em outras circunstâncias.”

Sobre se é possível aplicar a vacina este mês em Portugal, o médico foi cauteloso na resposta e apelou a uma preparação mais articulada, com centros de vacinação a postos.

Houve ainda espaço para responder às questões dos espectadores. Telmo Semião, advogado, esclareceu algumas das dúvidas jurídicas mais comuns, como se os subsídios de desemprego vão ser prolongados em janeiro.

Os subsídios estão a ter a sua duração normal. Sobre uma prorrogação extraordinária, isso não se verifica. Por isso, essa medida não está prevista”, explicou.

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