Segunda Vaga: "Vão morrer de covid-19 mais 1.200 pessoas até ao final do ano" - TVI

Segunda Vaga: "Vão morrer de covid-19 mais 1.200 pessoas até ao final do ano"

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 18 dez 2020, 12:12

As consequências do alívio das medidas no Natal foram o principal tema em análise esta sexta-feira no Segunda Vaga

As medidas definidas para o Natal e para a passagem de ano estiveram em análise, esta sexta-feira, no Segunda Vaga, onde começámos por olhar para os números da pandemia em Portugal.

Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, considera que, “por esta altura”, os números já deveriam ter descido significativamente. Sobre a taxa de óbitos que se mantém muito elevada, o matemático esclareceu que é preciso um olhar detalhado para entender as causas que justificam os mais recentes números.

Estamos a olhar para o número nacional, mas quando olhamos para as regiões descobrimos porque é que a taxa de mortalidade não está a descer. A região que contribui mais para a taxa de mortalidade é a região Norte, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo e por fim na região centro”, explicou.

O professor reparou ainda que a região mais fustigada pela pandemia, a região Norte, tem até vindo a registar uma diminuição no número de óbitos, mas essa redução tem vindo a ser contrariada por um aumento nos óbitos da região de Lisboa e Vale do Tejo e na zona Centro do país.

A dinâmica da epidemia é diferente de região para região”, sublinhou.

O especialista considera ainda que é “provável” que sejam registadas mais de 90 mortes diárias até ao final do ano. Carlos Antunes adverte mesmo que, “até ao final do ano”, vão morrer mais 1.200 pessoas por covid-19.

Ricardo Mexia, médico de Saúde Pública, examinou as medidas impostas para o Natal e para a passagem de ano, considerando que há vários pontos “preocupantes” em termos epidemiológicos nas regras avançadas pelo Governo.

Faz alguma lógica que haja medidas apertadas, num contexto em que, normalmente, já vamos ter uma incidência muito maior. No entanto, ao flexibilizar o Natal, podemos vir a pagar um preço por isso”, afirmou.

O médico lembrou que, apesar de compreender que o Natal é uma celebração importante para os portugueses, ao vírus não importa "se é Natal, Páscoa ou qualquer outra celebração”. Mexia lembrou ainda que, apesar de se ter quebrado o crescimento exponencial de novembro, é verdade que os números que se registam em Portugal continuam excessivamente elevados, colocando sob pressão o SNS.

Não podemos normalizar estes números. Não podemos baixar a guarda. Apelo a que as pessoas pensem naquilo que podem fazer para reduzir o risco de infetar os mais próximos”, frisou.

A chegada da vacina contra a covid-19 está cada vez mais perto e já se começa a compreender melhor a ordem de prioridades escolhida pelo Governo.

Os primeiros a ser vacinados serão os profissionais de saúde, seguidos dos residentes em lares. No entanto, o especialista deixa um aviso:

O ritmo de chegada das vacinas vai ser lento”, alertou.

Esta sexta-feira, na Hora da Verdade, parceria de fact-check entre a TVI e o Observador, o jornalista Pedro Raínho analisou um vídeo amplamente partilhado nas redes sociais, que mostra centenas de pessoas às compras num centro comercial, alegadamente em Portugal. As imagens, que contrariam muitas das normas impostas para o combate à covid-19, geraram indignação nas redes sociais. Mas serão as imagens reais?

As imagens, que o jornalista classifica como “impressionantes” em ambiente de pandemia, não são em Portugal, mas sim em Marselha no final de novembro, quando o comércio não essencial reabriu. Portanto, e de acordo com a escala utilizada pela Hora da Verdade, esta publicação é errada.

No espaço do programa reservado às dúvidas dos telespectadores, Ricardo Mexia respondeu à questão levantada por um espetador que perguntou quais os cuidados que se deve ter no Natal, tendo em conta que terá cinco pessoas em casa.

O médico de Saúde Pública esclareceu que, caso pertençam ao mesmo agregado familiar, devem ser cumpridas exatamente as mesmas precauções que têm vindo a ser tomadas até agora. Admitindo que são pessoas que habitam em casas diferentes, Ricardo Mexia apelou a que se mantenha a máscara posta o maior tempo possível, que se reduza o tempo à mesa e pediu atenção à partilha de utensílios. 

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