40% das intoxicações em adultos são voluntárias

O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) recebeu mais de 30 mil chamadas em 2008 sobre prováveis intoxicações. Os principais culpados são os medicamentos. As crianças tentam prová-los, milhares de mulheres consomem em doses excessivas de propósito e os idosos enganam-se nos tratamentos. De acordo com a Agência Lusa, a coordenadora do CIAV, Fátima Rato, revela que houve um problema informático com os dados de 2008 e por isso existe uma inexactidão com os números, mas garante que «no ano passado recebemos entre 30 a 32 mil chamadas».

A responsável diz também que em 2008 houve um aumento residual no número de chamadas, comparativamente com 2007. Fátima Rato afirma que este aumento «não significa um acréscimo de intoxicações e que pode ter apenas a ver com uma maior divulgação do serviço».

O pico das chamadas é entre as 18:00 e as 23:00. Em 20% dos casos são pedidos de informação. Já os outros telefonemas são sobre situações de exposição a substâncias, em que quase metade destas chamadas trata-se de acidentes com menores. «Os miúdos entre um e quatro anos representam 65 a 70% dos casos relatados com crianças», revela a coordenadora.

Adultos: Maioria das intoxicações são com medicamentos

Ao contrário do que se passa com as crianças, em que os casos são acidentais, nos adultos, mais de 40% das consultas são devido a intoxicações voluntárias, na maioria das vezes por ingestão de medicamentos. Em 2007, o Centro de Informação Antivenenos recebeu 4883 telefonemas com intoxicações voluntárias. Fátima Rato revela que a maioria trata-se de mulheres entre os 20 e os 50 anos. «Muitas vezes são encontradas por familiares ou amigos que ligam para o CIAV». A coordenadora explica que «as intoxicações dos adultos são potencialmente mais graves. Muitas acontecem por vontade própria, por isso, o contacto com o CIAV é feito mais tardiamente. Isso reflecte-se também na gravidade da situação».

Nos idosos, na maioria dos casos são erros terapêuticos, visto que as pessoas mais velhas por vezes enganam-se na dose ou na hora de tomar os medicamentos.

Intoxicações aumentam no Verão

É no Verão que os casos de eventuais intoxicações aumentam. De acordo com o mapa das chamas ao longo do ano, nos meses de Junho, Julho e Agosto existe um pico de atendimentos. «As pessoas vão de férias, o que normalmente significa uma mudança do sítio onde (os produtos perigosos) estão guardados. As pessoas estão mais relaxadas e as crianças têm mais fácil acesso. Por outro lado, também é nesta altura que normalmente se aplicam os pesticidas», alerta Fátima Rato.

Através do 112 pode contactar o INEM que liga automaticamente ao CIAV, em caso de necessidade. Mas Fátima Rato lembra que «existem medidas simples que se podem adoptar em casa e são suficientes» que são reveladas através do 808 250 143. Este número pode «retirar muitas pessoas dos serviços de urgências e das consultas dos Centros de Saúde, que estão sempre tão congestionadas», diz ainda a coordenadora.