O presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, acusou, esta quinta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos de «corporativismo», depois de Pedro Nunes descrever como «ridículos» os tratamentos a doentes oftalmológicos em Cuba, informa a Agência Lusa.
«Tenho pena que uma pessoa com as responsabilidades do senhor bastonário prefira colocar esses interesses corporativistas à frente dos interesses da população do seu País. Por isso, considero que o Dr. Pedro Nunes não reúne condições para continuar a representar uma classe de pessoas dignas e que trabalham em prol das pessoas», afirmou Luís Gomes.
Ineficácia do sistema
Para o presidente da Câmara algarvia, as afirmações do bastonário «são um insulto para quem, perante a ineficácia de um sistema e o alheamento de muitos dos profissionais que teriam a obrigação ética e moral de acudir a um problema que afecta milhares e milhares de portugueses, teve de recorrer ao auxílio da sua autarquia».
Luís Gomes disse não se «espantar» com «o tom agressivo e grosseiro do dr. Pedro Nunes, a quem este assunto incomoda, não só como bastonário mas sobretudo como médico oftalmologista».
«Acredito que a acção que desenvolvemos ao levar mais de 230 doentes a Cuba o incomode e prejudique enquanto profissional ou mesmo empresário na área da saúde. Mas era o nosso dever enquanto cidadãos e como eleitos», defendeu o autarca.
Convite ao Bastonário
Luís Gomes convidou ainda o bastonário da Ordem dos Médicos a «visitar Vila Real de Santo António e a conversar com alguns dos munícipes que foram tratados em Cuba».
«Às vezes a proximidade ao mundo real humaniza. Pode ser que, tal como a iniciativa promovida pela Câmara de Vila Real de Santo António mudou o panorama dos cuidados de saúde no País, esta visita coloque o senhor bastonário do lado de quem precisa efectivamente e não do lado dos interesses corporativos», acrescentou.
Pedro Nunes considerou, esta quinta-feira, que a ida de portugueses a Cuba para tratamentos oftalmológicos era «absolutamente ridícula», defendeu que «o País tem médicos e serviços que cheguem» e apenas «precisa é de organização e juízo».
Em causa estavam as viagens pagas por Municípios como Santarém ou Vila Real de Santo António para doentes oftalmológicos fazerem tratamentos em Cuba, que Pedro Nunes disse terem sido «um insulto» e «quase um crime», por implicarem um gasto «sem nexo» do dinheiro público.
O bastonário disse ainda suspeitar que por trás destas iniciativas estavam «motivações eleitoralistas».
Bastonário acusado de «corporativismo»
- Redação
- TG
- 19 mar 2009, 21:35
Autarca algarvio considera afirmações do bastonário da Ordem dos Médicos «um insulto»
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