Portugal gasta menos por aluno no ensino superior - TVI

Portugal gasta menos por aluno no ensino superior

  • ALM com Lusa
  • 12 set 2017, 10:51

Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico revela mudança geracional em Portugal: engenharia e matemática no top das preferências dos alunos

Há três anos os gastos por aluno português no ensino superior estava abaixo da média da União Europeia a 22 (UE22) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) .

Segundo o relatório da OCDE, divulgado esta terça-feira, os 9.984 euros gastos por aluno do ensino superior (incluindo investigação científica) em 2014 em Portugal ficam milhares de euros abaixo da média de 13.507 euros da OCDE e dos 13.523 euros da média da União Europeia a 22 (UE22).

A OCDE fez ainda contas ao investimento público no ensino superior entre 2010 e 2014, os anos da crise económica e da intervenção externa da ‘troika’, destacando que houve uma quebra de 9% na despesa com o ensino superior público.

Como o número de alunos no ensino superior também caiu nesse período, a quebra na despesa por aluno fixou-se nos 3%, mas contrariando um crescimento médio de 6% nos países da OCDE”, aponta o relatório.

Em 2016, a percentagem de portugueses entre os 25 e os 34 anos com um diploma do ensino superior era de 35%, um crescimento de 16 pontos percentuais face a 2005.

A percentagem de diplomados entre os 25 e 64 anos era em 2016 de 24%, abaixo da média da OCDE de 37%.

Em 2016, 85% dos diplomados com idades entre os 25 e os 64 anos tinha emprego.

Entre a geração mais jovem (25-34 anos), o nível de escolaridade não revela ter grande influência na empregabilidade, dado que a taxa de desemprego nesta faixa etária se situa aproximadamente entre os 10% e os 15%, com o desemprego a afetar um pouco menos quem tem pelo menos uma licenciatura.

Em termos salariais, ter um diploma do ensino superior pode representar um salário quase 75% superior face a quem apenas concluiu o ensino secundário.

Já ter ficado aquém do 12.º ano de escolaridade pode representar uma diferença salarial de cerca de 25% a menos face a quem concluiu a escolaridade obrigatória.

Engenharia e matemática no top das preferências dos alunos

As áreas científicas, tecnológicas, de engenharia e matemática atraem cada vez mais estudantes no ensino superior, refere o relatório da OCDE hoje divulgado, que considera que “Portugal está a viver uma mudança geracional” nas escolhas de áreas de estudo.

As áreas de engenharia, indústria e construção são aquelas que melhor representam o salto geracional em termos de escolha de áreas de estudo, aponta o relatório ‘Education at a Glance 2017’ da OCDE, dedicado a analisar o estado da educação nos países parceiros.

Enquanto há apenas 15% de diplomados em engenharia, indústria e construção com idades entre os 25 e os 64 anos, esta área representou a que mais graduados formou em 2015 no ensino superior (21%, que comparam com uma média de 14% na OCDE)”, refere o relatório.

O documento acrescenta que nas áreas de saúde, cuidados e bem-estar, que também atraem cada vez mais alunos portugueses, há uma percentagem total de diplomados de 14%, mas em 2015 foi responsável por 19% dos diplomados no ensino superior.

Em 2015, 28% dos diplomados pelo ensino superior em Portugal graduaram-se em áreas científicas, tecnológicas, de engenharia e matemática [designadas pela sigla STEM], acima da média da OCDE de 23%”, aponta o relatório.

Por outro lado, “apenas 1% dos estudantes obteve um diploma em tecnologias de informação e comunicação (TIC), uma das percentagens mais baixas de todos os países da OCDE”, sendo que a média da OCDE é de 4%.

A OCDE destaca ainda que a desigualdade de género que geralmente está patente nestas áreas de estudo – que atraem mais homens do que mulheres – é menos pronunciada em Portugal, onde as percentagens de mulheres a frequentarem cursos superiores nestes cursos é superior à média dos países parceiros da organização.

Ensino profissional ajuda a melhorar taxas de conclusão do secundário

 Metade dos alunos do ensino secundário reprova pelo menos um ano ao longo deste nível de ensino, mas o ensino profissional tem-se mostrado eficaz no combate ao abandono antes da conclusão da escolaridade obrigatória, refere um relatório da OCDE.

Segundo o ‘Education at a Glance 2017’, o relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que analisa o estado da educação nos países parceiros do organismo, a conclusão do ensino secundário em Portugal “permanece um desafio significativo”, onde metade dos alunos não consegue concluir este nível de ensino dentro do período da sua duração: três anos.

A média nos países da OCDE que disponibilizam informação sobre este tema é de 68% de conclusão.

A taxa de conclusão em Portugal sobe para os 61% se se considerar um período de cinco anos, ou seja, duas retenções, ainda assim significativamente abaixo da média da OCDE de 75% para um período igual.

“De todos os países com dados disponíveis, Portugal tem a maior percentagem de alunos que abandonam o sistema de ensino sem concluírem o 12.º ano em cinco anos: 35%, que comparam com uma média de 21% na OCDE.

O relatório da OCDE destaca a aposta de Portugal no ensino profissional, que em 2015 abarcava 45% dos alunos do ensino secundário, como forma de aumentar o número de graduados no ensino secundário ao mesmo tempo que promove uma ligação mais direta ao mercado de trabalho.

“Ao contrário de muitos países com dados disponíveis, o ensino profissional em Portugal é mais bem-sucedido em manter [na escola] até à graduação do que o ensino científico-humanístico. Enquanto apenas 59% dos alunos no ensino científico-humanístico concluem o ensino secundário em cinco anos, a taxa é de 64% no ensino profissional”, refere o relatório.

A taxa de não conclusão do ensino secundário na faixa etária entre os 25 e os 34 anos é de 31%, “quase o dobro da média da OCDE e uma das mais altas entre os países da OCDE”.

Na faixa etária entre os 25 e os 64 anos a taxa passa a 53%, o que representa para a OCDE “uma melhoria significativa” para as gerações mais jovens.

“Se os atuais padrões se mantiverem, quase 90% da população mais jovem em Portugal deverá concluir o ensino secundário ao longo da vida”, lê-se no documento.

Em Portugal ainda há 30% de população adulta que tem apenas o ensino primário.

O relatório aponta ainda o crescimento da frequência no ensino pré-escolar na última década, que a partir dos três anos está já em percentagens acima da média da OCDE, o que leva a organização a considerar que Portugal está a dar “passos na direção certa rumo ao objetivo de universalizar até 2020 a educação pré-escolar para as crianças entre os três e os cinco anos”.

A OCDE refere que ainda que o investimento público neste nível de ensino seja igual à média dos países da organização – 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) – é preciso ter em conta que a educação pré-escolar em Portugal abarca três anos, enquanto outros países têm programas de apenas um ano.

A despesa anual por aluno no pré-escolar é de cerca de 5.270 euros, abaixo da média da OCDE de 7.278 euros.

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