Inspetora da PJ contraria homem que degolou mulher - TVI

Inspetora da PJ contraria homem que degolou mulher

Justiça

Arguido terá autoinfligido golpes que apresentava no dia do crime

O homem que está a ser julgado por alegadamente ter degolado a mulher, terá autoinfligido os golpes que apresentava no dia do crime, afirmou hoje em tribunal uma inspetora da PJ, contrariando a versão do suspeito.

«Ela [vítima] não o atingiu em nenhum sítio. Os golpes [no pescoço e na zona torácica] foram autoinfligidos e o crime desenrolou-se apenas no quarto», afirmou a responsável pela investigação, com base no cenário que encontrou no local do crime.

«O arguido deslocou-se à cozinha e não encontrámos um único pingo de sangue no chão, a não ser as suas pisadelas com sangue. Os golpes no suspeito foram feitos depois de a vítima estar morta. As únicas pisadelas com sangue que existem no apartamento são do suspeito», sustentou a investigadora da PJ esta manhã, antes das alegações finais.

Na primeira sessão do julgamento, Bouna Sackho, 26 anos, afirmou que os factos tiveram origem numa discussão depois de Helmina Biem, 23 anos, ter visto no seu telemóvel números de outras mulheres. O suspeito referiu que a discussão começou a «ficar mais forte» e que houve agressões de parte a parte, acrescentando que a mulher foi à cozinha, agarrou numa faca e seguiu na sua direção.

«Senti a minha vida em perigo. Não sei porque é que ela pegou na faca», afirmou o arguido há cerca de três semanas.

Depois da inspetora da PJ, foram ouvidos os dois peritos do Instituto de Medicina Legal, responsáveis pela autópsia, os quais evidenciaram os golpes nas mãos da vítima, resultantes da tentativa de se defender das facadas.

Nas alegações finais, o magistrado do Ministério Público (MP) disse não restarem dúvidas de que o arguido matou a jovem, e defendeu a condenação a uma pena de prisão efetiva pela prática de homicídio qualificado, e a sua expulsão do país após cumprir a pena.

A advogada da vítima Helmina Biem, também pediu a condenação do arguido, rejeitando a versão levada a julgamento pelo próprio.

Por seu lado, o advogado de defesa do acusado reafirmou a tese defendida pelo arguido. Bouna Sackho reiterou hoje perante o coletivo de juízes, presidido por Carla Ventura, que agiu em legítima defesa, mas desta vez pediu, por várias vezes, perdão à família da jovem.
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