Ilha de Faro: moradores preocupados (fotos) - TVI

Ilha de Faro: moradores preocupados (fotos)

  • Portugal Diário
  • Cecília Malheiro para Lusa
  • 5 mar 2008, 10:22
Demolições na ilha de Faro - Foto de Luís Forra para Lusa

Assembleia Municipal «vota» «Polis Litoral da Ria Formosa»

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A Assembleia Municipal de Faro delibera esta quarta-feira sobre o «Polis Litoral Ria Formosa», mas muitos moradores desconhecem o plano de requalificação e não sabem onde vão morar se as casas vierem abaixo.

Uma pequena folha fixada num dos cafés mais frequentados pelos moradores da Ilha de Faro apela à mobilização dos habitantes para lutarem contra as demolições e se deslocarem à sessão extraordinária da Assembleia Municipal que vai apreciar e deliberar sobre o Polis e também sobre o tema das demolições.

«Todos quarta-feira, 21:00, na Câmara Municipal de Faro - Evitar demolição das casas da Praia de Faro», lê-se na folha fixada mesmo por cima do convite do presidente da autarquia de Faro, José Apolinário, apelando à população para comparecer à reunião e onde se lê: «Faro tem de avançar - requalificar respeitando os direitos das pessoas».

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Um morador na ilha há 60 anos revelou à agência Lusa estar preocupado e avisa que mesmo que lhe ofereçam casa nova vai declinar a oferta: «Estou preocupado com a minha casa, porque moro aqui há 60 anos. Mesmo que me dêem uma casa nova não quero. Tenho vivido sempre em casas velhas», desabafou o mariscador.

Um casal de moradores a viver na ilha há mais de 21 anos, Fernando das Neves, 44 anos, e a esposa Aura Maria, 41 anos, confessam, por seu turno, que se lhes tirarem a casinha na Ilha de Faro só lhes resta ir para o cemitério.

«Para debaixo da ponte é que não vou»

«É a única casa que tenho. A seguir só o cemitério», desabafa, apreensivo e revoltado, o apanhador de animais marinhos, enquanto mastiga uma sandes de chouriço.

«Se houve [solução] para o Casal Ventoso [bairro degradado em Lisboa], também tem de haver para nós», defende Fernando das Neves, referindo que «para debaixo da ponte é que não vou».

«A gente só tem este palheiro [casa] e a ria [Formosa] para trabalhar», conta o morador, ironizando sobre a forma como os poderosos classificam a sua única casa.

Fernando das Neves não acredita que o programa Polis seja chumbado e que a reunião venha a decidir algo que não esteja já decidido e, por isso, não vai à Assembleia Municipal.

Maria das Dores Santos, 76 anos e a morar na Praia há 56 onde deu à luz seis filhos saudáveis, diz que ninguém da câmara a informou do programa Polis, nem das requalificações na ilha de Faro, e caso avancem com as demolições diz que não tem uma segunda residência para morar.

Conversa?

«Há mais de 20 anos que andam com esta conversa [das demolições]», recorda Maria das Dores, assegurando que não irá à sessão extraordinária da Assembleia Municipal porque «não pode estar muito tempo de pé».

Algo despreocupada sobre o assunto das demolições, Maria das Dores defende que os moradores que estão em pior situação são os que têm segunda habitação e usam as casas da Praia de Faro só para férias.

O «Polis Litoral Ria Formosa» é um programa de requalificação e valorização para a frente ribeirinha de Faro e zona da Ria Formosa que envolve também mais três autarquias algarvias - Loulé, Tavira e Olhão - e prevê um investimento superior a 80 milhões de euros.
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