Ana Gomes sai em defesa de Rui Pinto: "Prestou um extraordinário serviço à luta contra a criminalidade e corrupção" - TVI

Ana Gomes sai em defesa de Rui Pinto: "Prestou um extraordinário serviço à luta contra a criminalidade e corrupção"

  • CE
  • 27 jan 2020, 10:40

Ex-eurodeputada considerou “completamente obsoleto" que o sistema judiciário português não queira dar o estatuto de denunciante a Rui Pinto

A ex-eurodeputada Ana Gomes criticou esta segunda-feira os “dois pesos e duas medidas” da justiça portuguesa em relação a Rui Pinto, a fonte dos documentos que levaram ao Luanda Leaks, exigindo que o hacker tenha estatuto de denunciante.

Há dois pesos e duas medidas”, disse à Lusa Ana Gomes, considerando “completamente obsoleta a posição daqueles que no sistema judiciário [português] não querem querer conhecer a luta, que é serviço público, por parte de um denunciante que expõe criminalidade organizado”.

Rui Pinto, criador do Football Leaks, uma plataforma onde foram publicados vária documentação secreta relativa a transferências e contratos de jogadores, vai responder em julgamento por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão.

O hacker português está a ser julgado por Portugal por acesso ilegal a documentos, mas a justiça portuguesa já aceitou colaborar com a sua homóloga angolana, que utiliza documentação recolhida por Rui Pinto para acusar a empresária Isabel dos Santos de má gestão de dinheiros públicos.

Essa posição da justiça portuguesa, ao contrário de outros países europeus que aceitaram a documentação de Rui Pinto, “servem à criminalidade que capturou o sistema” judicial, disse a ex-eurodeputada.

Tudo está capturado por interesses. Tudo o que tem poder para dar combate à criminalidade e corrupção no sistema político, económico e social é vulnerável e está infiltrado e é isso que explica muitas outras incoerências a que temos assistido nos últimos anos em Portugal”, acusou Ana Gomes.

Na quarta-feira, o Procurador-Geral da República (PGR) de Angola anunciou que Isabel dos Santos foi constituída arguida e, no dia seguinte, reuniu-se com a sua homóloga portuguesa a quem pediu apoio na investigação judicial sobre a empresária.

Bem-vindos à era digital: serve para o mal, mas também serve para combater o mal e sem dúvida que está mais do que demonstrado aquilo que vinha há muito tempo dizendo é que Rui Pinto prestou um extraordinário serviço à luta contra a criminalidade organizada e contra a corrupção em Portugal, para além de Portugal”, comentou ainda Ana Gomes.

Rui Pinto “é um denunciante e tem de ter um estatuto de denunciante para as autoridades portuguesas”, acrescentou, considerando que o hacker “tem de ser aproveitado” pela justiça portuguesa para “dar combate à corrupção e criminalidade organizada, branqueamento de capitais, financiamento de terrorismo e outra criminalidade associada”.

A “justiça portuguesa tinha muitos destes dados que são públicos, designadamente desde a operação furacão. Poderia ter atuado e escolheu não atuar em consonância com o poder político, que foi absolutamente conivente com o saque organizado a Angola feito por Isabel dos Santos e outros elementos da cleptocracia angolana, designadamente Manuel Vicente”, ex-vice-presidente angolano”, concluiu ainda Ana Gomes.

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