Consumo de antidepressivos aumentou, mas culpa não é da troika - TVI

Consumo de antidepressivos aumentou, mas culpa não é da troika

mãe

Estudo da autoridade portuguesa do medicamento (Infarmed), que não relaciona o aumento do consumo destes medicamentos nos últimos dois anos com o resgate financeiro

Relacionados
O consumo de antidepressivos em Portugal mais do que triplicou desde 2000, segundo um estudo da autoridade portuguesa do medicamento (Infarmed), que não relaciona o aumento do consumo destes medicamentos nos últimos dois anos com o resgate financeiro.

O consumo de antidepressivos passou de pouco mais de 20 doses diárias por 1.000 habitantes em janeiro de 2000 para quase 90 doses diárias por 1.000 habitantes em março de 2013, segundo o Infarmed.

O estudo «A Utilização de Psicofármacos no Contexto de Crise Económica» pretendeu analisar o nível e a tendência de utilização de psicofármacos associada à implementação do Memorando de Entendimento, assinado em 2011.

«Entre 2000 e 2012 ocorreu um aumento da utilização em todos os subgrupos, mas mais evidente nos antidepressores e antipsicóticos», refere o estudo, ressalvando que a tendência de crescimento se verifica desde o início do período estudado, não se alterando significativamente após a implementação do memorando.

O estudo indica ainda que, embora os ansiolíticos, sedativos e hipnóticos «não tenham apresentado um crescimento acentuado, são o subgrupo que, claramente, apresenta o maior nível de consumo, acima de outros países europeus».

«Os resultados confirmam que a implementação do memorando de entendimento não está associada a uma alteração quer na tendência quer no nível de utilização», conclui o estudo, que regista uma alteração «estatisticamente não significativa» na utilização dos ansiolíticos, com um ligeiro decréscimo no consumo a partir de 2011.

Numa perspetiva global, o Infarmed conclui que «o número de doentes em tratamento com psicofármacos não aumentou em consequência da implementação das medidas constantes do memorando».

Considera ainda que as redes sociais e familiares podem ter «atenuado o impacto da instabilidade económica na saúde mental dos portugueses».

Avança ainda outras hipóteses que podem explicar os resultados: a diminuição da procura de consultas de saúde mental ou uma maior sensibilização dos médicos de clínica geral e familiar para uma utilização mais adequada destes medicamentos.

Dados recentes relativos ao consumo de psicofármacos revelam que, até agosto de 2013, os portugueses compraram em média, por dia, mais de 75 mil embalagens de antidepressivos, estabilizadores de humor, tranquilizantes, hipnóticos e sedativos.

Divulgados pela consultora IMS Health, os dados registam um aumento de 1,9% face ao mesmo período do 2012.

No total, entre janeiro e agosto deste ano, foram vendidas 18 milhões de embalagens destes medicamentos, mais 339.961 caixas relativamente ao período homólogo de 2012, indicam os dados divulgados pela agência Lusa em setembro.
Continue a ler esta notícia

Relacionados